De: António Alves - "Crónicas e Passos Coelho"
Caro TAF,
Como publicita aqui a sua crónica semanal no JN peço-lhe que me permita comentá-la também aqui. Na última que tivemos o prazer de ler escreve o seguinte: «Neste ambiente não admira que Passos Coelho, desejando manter uma saudável democracia interna no PSD, aceitasse um acordo para o Orçamento do Estado. Os militantes do PSD, tal como os restantes portugueses, querem ser enganados pelo Governo escolhendo um "mal menor" que será sempre "mal" mas dificilmente "menor". Havia dúvidas? Lá veio Sócrates insistir no TGV». Isto quer dizer o quê? Que Passos Coelho preferiu os interesses do PSD, a “saudável democracia interna no PSD” em vez dos interesses do país que ele diz frequentemente defender? Ou também já confunde os interesses do país com os do PSD? Estamos bem arranjados com as alternativas políticas. Se acreditava sinceramente que o orçamento é péssimo e não nos vai tirar da crise, antes pelo contrário, vai agravá-la, só lhe restava reprová-lo e enfrentar as consequências em nome dos interesses do país que diz defender. A propósito, os juros da dívida dispararam de novo; porque o que conta é mesmo a falta de credibilidade, tanto do governo – em quem já ninguém acredita - como dos candidatos a ser governo, em quem os “investidores”, se calhar, depois dos números de trapézio das últimas semanas, acreditam ainda menos.
Os “patrícios” e “senadores” desta república que nas últimas semanas nos entupiram os ouvidos com os apelos lancinantes para a aprovação do orçamento como habitualmente não tinham razão. Como habitualmente também, eles sabem-no. Estão apenas preocupados em salvar os seus “negócios”, como habitualmente, claro está. Numa coisa o Tiago tem absoluta razão: os portugas continuarão a votar nos mesmos até ao colapso final. Um dia chegará um Caesare que liquidará a república e nos imporá o seu imperium. Se calhar não merecemos outra coisa.
António Alves