De: Alexandre Burmester - "Mais palha"
Não sou contra bicletas, skates, patins, trotinetes e mais afins que se destinam ao passeio. Haverá é que distinguir que enquanto o automóvel serve para muita coisa mas principalmente para o trabalho, aqui as ciclovias em questão servem para o lazer. O seu uso é essencialmente nocturno e de fim de semana. Pelos vistos está na moda andar a passear de bicicleta à noite vestidos de adolescentes e com luzinhas azuis a piscar. Esteja claro que não estou a falar de pessoas, que à semelhança de outras cidades pelo mundo, usam a bicicleta para transporte individual. Se assim fosse e tivéssemos horas de ponta como na Holanda seria o primeiro a defender a introdução de ciclovias por todo o lado (não apenas nos locais de lazer).
Agora neste caso, podemos todos nos queixar e vir para aqui fazer um discurso politicamente correcto contra os automóveis e a favor das bicicletas, mas duvido que entre as pessoas que para aqui se manifestam vivam nas áreas de Foz e Nevogilde e usem a bicicleta seja para ir trabalhar, seja para transportar crianças, velhos, doentes, etc. Servem estas ciclovias para passeio o que nada tenho contra a não ser o desenho que se lhes deu. Em particular à passagem por Cristo Rei, à sobreposição nos jardins da Pasteleira e à sua sinalização na curva de Mónaco.
Feliz ou infelizmente o Português, pelas circunstâncias do planeamento urbano e regional, é hoje composto por cabeça tronco e rodas. Os transportes públicos urbanos, os transportes ferroviários e a ausência de avião pouco servem para a eficiência do transporte. Isto é uma evidência. Outra evidência é que o desenho do sistema viário urbano tem vindo a ser feito por engenheiros de trânsito que não sabem desenhar “ruas”, e pejam as cidades com “sistemas rodoviários”. Naturalmente que neste caso há um evidente conflito com os sistemas alternativos de transporte. Farto-me aqui neste blog de reclamar desta evidência. As nossas cidades deixaram de ter ruas e passaram a ter rodovias. A introdução de transportes alternativos sejam eles quais forem tem de ser feito pelo princípio de urbanidade, isto é pela convivência e não pela exclusão. Esse não é o principio de quem desenha o espaço público para os carros, e pelos visto é o mesmo para quem o desenha para as bicicletas.
Alexandre Burmester