De: Pedro Figueiredo - "Semana Europeia da Mobilidade Urbana 2"
Na sequência dos problemas típicos da mobilidade urbana, ocorreu-me um outro problema colocado em recente Assembleia (extraordinária) da Ordem dos Arquitectos... Não se trata do já típico problema do transporte casa–trabalho, mas do transporte escolar. “O Problema do Transporte Escolar”... E de facto, o problema do transporte escolar não é um problema a descurar no ranking das questões urbanas de mobilidade. O Arquitecto que inquiriu a Ordem nesta Assembleia fê-lo de forma semelhante aos termos seguintes que tento transpor em “tradução livre adaptada”:
“Todos sabemos o que acontece quando começa a Escola... Pais à espera de filhos. Avós a ir buscar os netos... Primos à espera de Tios... Um aumento exponencial do trânsito em qualquer sentido. Estacionamento em primeira, segunda e terceira fila, etc... etc... A cidade virada do avesso, quando ainda “ontem” estava calmíssima. E o que temos feito nós, Arquitectos, e a Ordem como prática e reflexão sobre este assunto da maior importância?...
QUAL É ENTÃO, O IMPACTO NO TRÂNSITO, NA CIDADE E NA MOBILIDADE URBANA, QUANDO SE DECIDE OPERAR DE UM DIA PARA O OUTRO TALVEZ A MAIOR REVOLUÇÃO URBANA DE QUE TEMOS MEMÓRIA NOS ÚLTIMOS TEMPOS... (OU DESDE SEMPRE EM PORTUGAL?): A TRANSFORMAÇÃO DE 6000 ESCOLAS EM APENAS 700 MEGA AGRUPAMENTOS ESCOLARES...? Que consequências advêm para o trânsito, arruamentos, estacionamento, edificado, poluição, espaço público, etc... com esta transformação? Que medidas estão (ou não estão?) a ser preparadas pelos Municípios e pelo Estado Central para enfrentar as (enormes) transformções em curso?
E, por fim, o que é que os arquitectos autores dos projectos de remodelação das escolas reflectiram e praticaram nos seus projectos como “preparação” para esta “guerra”? Tratou-se apenas de uma remodelação de edificado? Não há qualquer reflexão crítica para a CIDADE e para a MOBILIDADE URBANA? E a Ordem dos Arquitectos? - Que papel tem, teve ou terá na resolução destas questões?”
Foi assim o teor da intervenção deste colega arquitecto. Subscrevo as dúvidas dele... também só a partir da sua intervenção consegui perceber o quão PERTINENTES se tornam... também é assunto que me passou ao lado, tão preocupados estamos às vezes a tentar “apenas” dar resposta à questão do “edifício”...
Pedro Figueiredo