De: Cristina Santos - "Os artigos de praia"

Submetido por taf em Quarta, 2006-08-02 01:35

Lembro-me que há uns tempos dizia-se que ligaríamos Porto a Valença por «bitola Ibérica», que na Galiza a linha estava a ser feita com travessas polivalentes, que possibilitavam uma posterior actualização para a dita «bitola europeia». Mas nesta área não sei defender os interesses da cidade, fico a ler a discussão dos mais aptos, de qualquer forma acho que devemos criar recursos que nos garantam sempre uma alternativa ao transporte que estamos a utilizar, seja ele qual for...

Entretanto e como estou a ensacar coisas que durante um ano não dei pela sua existência, acabando até por as comprar de novo, lembrei-me de como a nossa memória tem cada vez menos capacidade de retenção e como essa falha nos leva a desprezar aquilo que já esta resolvido.

Há 2/3 anos atrás tínhamos um edifício envidraçado pelo qual tínhamos pago uns 4 milhões de euros, fechado por razões de segurança, hoje sabemos que vai ser utilizado e vai abrir portas em Novembro.

Tínhamos gasto 36 milhões de euros e mantínhamos os buracos e os taipais em Carlos Alberto, Carregal, Ceuta, hoje as coisas estão mais planas, é certo que continuamos com ruas renovadas em intervalos de 6 em 6 metros, mas está melhor.

Tínhamos um Palácio restaurado por 10 milhões de euros, para supostamente servir a AMP, há dias chateámo-nos porque a AMP alugou um espaço e o Palácio vai ser uma importante pousada.

Tínhamos o Batalha reabilitado com dádivas de mecenas num total de 200 mil euritos, a D. Laura que recebeu uma indemnização de 5 milhões e criou a Comércio Vivo investiu mais 1 milhão e o Batalha está a funcionar.

Tínhamos a Praça de Lisboa construída com 1 milhãozito de euros deserta e sem expectativas, agora sabemos que a SRU vai ajudar a FAP a reabilitá-la.

Tínhamos no fundo investido perto de 51 milhões de euros em expectativas constantemente perdidas. Mas que diferença fez o dinheiro, a mudança ou a solução? Já ninguém se lembra.

É tipo as pranchas, compramos uma cada ano, conforme as que vemos usar por esse mar fora, chegamo-nos a esquecer que já temos uma prancha daquele tipo e no fim de que vale tantas pranchas se não conseguimos aprender a equilibrarmo-nos em nenhuma.

E o mesmo se aplica aos colchões de praia que na maioria das vezes acumulamos sem chegar a desensacar, tipo aquela Casa do Cinema que seria para o Sr. Manoel de Oliveira, custou uns míseros 1,5 milhões de euritos...
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Cristina Santos