De: Cristina Santos - "Bilbao - Centro Histórico e instituições de renovação urbana"
O centro histórico de Bilbao não se compara ao nosso, o da nossa cidade por quase não ser mexido vale ouro, actualmente, se for bem intervencionado. Imaginemos que Santa Catarina se prolongava, sem perder o andamento, até à Sé, passando pela Batalha. Depois descíamos para os Pelâmes, sempre com movimento e com lojas como a Springfield, Stradivarius, Blanco e sobretudo muitos cafés, com “pichos” e vinho. Descíamos a Mouzinho, cruzilhando nas ruas, não se esqueçam, há sempre pichos e vinho, o comércio vai melhorando para marcas internacionais de topo, até à Ribeira, Cais das Pedras, Palácio; ou então subíamos à Cordoaria a partir de Mouzinho, Hospital de Santo António. Agora imaginemos que, quer de um ponto ou outro, continuávamos do Palácio, seguíamos para a zona mais moderna de Júlio Dinis com lojas como Louis Vuitton, Dolce&Gabbana, e terminávamos na Casa da Música, expoente máximo. É mais ou menos isto em Bilbao, termina no Guggenheim, após mais ou menos 20/30 minutos de caminhada. Ou seja, o centro histórico não é complemento, é cidade. Não há vazios de gente ou ruínas no entretanto, há comércio, há movimento.
As fachadas deles estão todas pintadas e recuperadas, os espaços comerciais também. As habitações mais ou menos, vê-se muito tabique afectado, escadas velhas nos halls de acesso, tectos velhos, visíveis pelas marquises de madeira, mas pelo exterior parece impecável, ou bom pelo menos. Há muita gente na rua a consumir, é outra cultura, há também as nossas personagens tipo Rua Escura e os tascos a lembrar a Sé mas, com tanta gente, não afecta a imagem de quem visita, é óbvio que demonstra que o emprego não deve andar grande coisa, mas completamente banal. Também só existe o Corte Inglés e mais 2 centros comerciais, pouco interessantes. Existem outros para lá das pontes, nas áreas metropolitanas periféricas.
Surbisa – Sociedade reabilitação Urbana - Orienta e coordena os planos de recuperação do centro histórico. Concede subsídios para a reabilitação urbana, agencia taxas e licenciamentos, adquire edifícios para reabilitação, que servem de residência temporária para ocupantes de edifícios em obras. Mas não é das instituições mais importantes no processo de recuperação, o que se privilegia ali é o comércio, o negócio, o know-how.
Importante é Bilbao Ria 2000 (1992) - uma entidade sem fins lucrativos, com autoridade para intervir e regenerar grandes áreas, ocupadas anteriormente pela indústria, portos e caminhos-de-ferro. A Administração Pública participa com os terrenos onde existiam as infra-estruturas, em forma de capital. A Bilbao Ria 2000 potencia esses terrenos, comercializa-os e os resultados são reinvestidos na cidade. Para se compreender a importância desta instituição basta referir que numa dessas desocupações, Abandoibarra, nasceu o museu Guggenheim.
E é efectivamente deste Museu que tudo se potencia, embora só tenha criado 1000 postos de trabalho directos, potenciou o comércio de proximidade, recuerdos, cafés, restaurantes e o investimento privado. De notar que muitos edifícios novos e várias intervenções urbanas têm as obras do Museu como inspiração. Até cafés, tascos como os nossos do centro histórico, tentam beber nessa fonte. Um dia pode acontecer o mesmo com a nossa Casa da Música.
Também tida como importante no processo “Bilbao Metrópoli-30” (1991) - objectivos principais:
- Bilbao cidade para a inovação e conhecimento: sector de conhecimento para tecnologia;
- Revitalização do Centro Histórico enquanto espaço de lazer, convívio e cultura, reivestindo aqui os proveitos dos terrenos das antigas fábricas.
- Intervenção ambiental: limpeza do rio, reciclagem de terrenos industriais e edifícios, implementação da Agenda 21.
- Impulsionar o papel dos líderes no processo de desenvolvimento e dispor de mecanismos para formar, atrair e reter profissionais (“Directivos-Empresarios Que Quieran Serlo”).
- Políticas de apoio a iniciativas inovadoras e criação de infra-estruturas inteligentes.
Cristina Santos