De: Augusto Küttner de Magalhães - "O Norte como um todo"
Tudo o que se tem ultimamente falado sobre a regionalização tem sido muito positivo, e tem feito sentir que de facto as decisões continuaram sempre e só a ser tomadas a partir de Lisboa e estão a criar um grande desconforto a nível do país, como um todo. Porém não se pode agora querer ter tudo ao pé da porta e todos e cada um sermos os possuidores das boas decisões para o nosso “quintal”, e com isso criarmos tantos quintais que só para os governar serão necessárias tremendas engenharias financeiras, que em nada resultarão que não seja em criar mais meia dúzia de pessoas importantes neste nosso país, já de si feito com muita necessidade de ser e estar importante.
Tudo o que vem sendo falado por exemplo da Linha do Tua, deve ser defendido conforme cada um ache que é mais útil ter, por exemplo uma excelente Linha do Douro o mais extensa possível, ou num país em que não há dinheiro para tudo não melhorar tanto a Linha do Douro e refazer a do Tua e esquecer a barragem. Pessoalmente apostaria mais numa excelente Linha do Douro, o mais extensa e melhorada possível. Mas não sou senhor de nenhuma razão. Quanto ao Norte como um todo, acho de toda a importância. Se nos dispersarmos em pensamentos com uma força no Porto, outra no Douro, outra em Trás-os-Montes, outra no Minho, serão demasiadas dispersões e talvez poucas atenções, e pode não ser útil.
Talvez seja de pensarem os que ainda têm muito ímpeto, muita vontade, muita força, em unir esforços num Norte com pujança, com “unidade”, com vontades iguais, para ser possível ter uma região em grande e não unicamente pequenas regiões de costas umas para as outras! Devo estar a ver muito menos bem a situação, mas continuo, possivelmente errado, a pensar que 2012 Capital Europeia da Cultura em Guimarães deve e tem de ter a centralidade em Guimarães, mas deve estender ramificações a todo o Norte: a Braga, a Famalicão, a Viana do Castelo, a Caminha, a Miranda do Douro, ao Porto onde está o aeroporto, onde está Serralves, onde está a Casa da Música, à Vila da Feira onde existe uma Ideia Medieval muito interessante. Isto para haver unidade consentida e assumida e não pequenos espaços sem força e sem representatividade! E ao ser feito isto, estaremos a dar força a toda uma região Norte e a mostrar a Lisboa que não estamos a querer criar uma força contra Lisboa, no Porto ou em Trás-os-Montes, mas uma força pela região Norte a bem de todo o Norte, pelo Norte, pelo País e não forçosa e necessariamente contra Lisboa!
Augusto Küttner de Magalhães