De: Pedro Figueiredo - "A Baixa de Gaia"
À entrada da rua Cândido dos Reis, junto ao largo Calém, esplanada Sandeman, encontramos esta espécie de “Checkpoint Charlie”, caído do céu ali mesmo no coração da ribeira de Gaia. Mas não, não vemos por perto nenhum muro de Berlim. E ainda bem. Por causa da má fama do tal muro e porque a ideia de apenas abrir certas ruas de Centros Históricos a moradores é uma boa ideia, no que proporciona a certas ruas de cariz medieval, a escala e o escoamento para que estas foram certamente projectadas em épocas de muito menos ansiedade e movimento urbano. O seu a seu dono. Cada rua com a sua “justa” escala de mobilidade.
O que me parece despropositado é esta tendência que muitos autarcas têm para o espalhafato viário, talvez muito mal aconselhados por “técnicos de vias”, burocratas da hiper-sinalização, talvez mesmo maus engenheiros de tráfego apenas interessados em cumprir o mais possível tudo o que seja hiper-sinalizar, demonstrando insegurança na relação com o cidadão e uma grande dose de anti-urbanidade.
A minha proposta é que no mundo autárquico haja equipas de design que normalizem procedimentos com inteligência prática, estética e minimalismo eficaz se possível e não “isto” que vêem nestas fotografias. Em cerca de 20 m2, à entrada desta rua, sem qualquer noção prática e estética amontoam-se 13 elementos físicos – vulgo obstáculos – com todo o tipo de poluição visual e gráfica. Algumas Câmaras já deverão ter vícios de forma na relação com os cidadãos peões e automobilizados, infantilizando-os...
Receita:
1 Sinal “Zona de Parking” + 1 Sinal “Veículos portadores de Cartão zona 1” + 1 Sinal “Controlo de acesso” + 1 Sinal “Zona de Circulação Proibida” + 1 Sinal “Excepto veículos autorizados” + 1 Sinal “Horários de excepção” + 2 Semáforos de controle + 1 Sinal “Sentido Obrigatório” + 3 “Mecos de solo” + 1 “Máquina para Cartão”... Tudo isto em passeios com menos de 1 metro e uma rua estreita.