De: Cristina Santos - "Flexibilização"
Concordo Pedro, o uso das palavras certas é condição essencial, alias estranho como compulsivamente se confunde salário com vencimento, estamos num país onde só existem recibos de vencimento, é como se houvesse uma patologia em que todos se querem equiparar a trabalhadores do sector público. Acho graça.
Quanto ao tema, entendo e compreendo o que diz, não estou contra os trabalhadores a recibos verdes, apenas considero que a única forma de produzir, gerar ganho, evoluir no mercado global, é exigindo a flexibilização laboral, que nos permita acompanhar as mudanças quase diárias de mercado. Não é possível, hoje, uma estratégia previamente definida, temos de estar prontos para agir no imediato e conforme a situação que se nos apresenta, com competência, dinamismo e polivalência. Há que ter uma equipa que se coloca e direcciona conforme o próximo desafio, será que me faço entender?
O actual código Laboral é uma espécie de utopia inflexível, um bolo de dogmas de um tempo revolucionário que não tem paralelo na actualidade, não permite esse posicionamento. Um bom trabalhador do quadro pode rescindir sem ser obrigado a indemnizar a empresa ou os colegas, recebendo ainda os direitos adquiridos, mas a empresa praticamente não pode despedir com invocação de justa causa, poder pode, mas vamos lá ver como se comprova que o trabalhador não atinge os índices de produtividade e como isso prejudica, não só os investidores, como todos os colegas assalariados. As empresas não têm vantagem no recibo verde, usam-no muitas vezes, por não poderem escolher os seus quadros, practicamente só lhes é permitido amontoar. Ou usam recibo verde, ou outsourcing, trabalho temporário e simultaneamente mantêm um quadro de inertes, agravado agora com a questão do alargamento de tempo reforma. Em resumo, a minha questão é a de que devemos exigir flexibilidade, para que não sejam necessárias trapalhadas como as dos falsos recibos verdes.
Por último, e não sei porquê, não sei se é a imagem deste Governo, mas tem-me ocorrido que podemos voltar ao tempo da fome e como tal ando a plantar alguns bens essenciais, que terei todo o gosto em partilhar caso seja necessário. Às vezes até imagino as pessoas a defender uma horta de couves como se fosse ouro. Digo-lhe mais, ando tão traumatizada com os tangos, e passos de karaté da Assembleia e do Parlamento, que só não crio porcos na cave porque acho que não é permitido no código de posturas, mas tenho pensado seriamente nisso. :-) É sério, tenho pensado seriamente que vai chegar o dia em que terei vasos cheios de couve galega, até reunir forças para me extraditar deste país de rainhas vermelhas.
Cumprimentos
Cristina Santos