De: Augusto Küttner de Magalhães - "TGV – chega, por favor"
Para além da grave crise em que o país se encontra, parece que se está a propagar algo de ainda mais grave que é o TGV, qual campanha contra e a favor do aborto, qual conversa sobre casamentos de pessoas do mesmo sexo, qual Estatuto dos Açores, qual falta de liberdade de expressão, quais escutas, isto é muito pior! Que de comboio de rápida velocidade passou a obsessão para uns e total negação para outros. Como entrei na loucura, estou no segundo grupo, o da negação! Sendo que vou ter de defender a minha dama, e nem tenho interesses no caso nem desinteresses, não penso utilizá-lo, não penso que seja algo de assim tão necessário ao país, e admito que muitos, ou alguns, possam e devam pensar de forma diferente. Sendo que, esta “coisa” de termos TGV ao pequeno-almoço, ao almoço, ao jantar e antes de deitar, é TGV a mais, convenhamos. E mesmo que o raio do comboio que tão depressa anda possa ser muito útil para a modernidade deste nosso país, talvez seja da máxima importância colocar, como hoje se usa dizer, “em cima da mesa” as prioridades e igualdades.
No que se relaciona com prioridades, parece ao mais comum dos mortais que no momento não é prioritário. No que toca a igualdades, parece pouco crível que numa altura em que se pedem/exigem sacrifícios - que são muito mais que simples esforços, - a todos nós, em que as Scut´s vão deixar de o ser dado passarem a “ter custo”, em que todos ao fim do mesmo vamos ver os nossos proveitos reduzidos, em que vamos todos ter de ser mais contidos no “ter”, em que o mesmo dinheiro já não vai dar para encher o saco do supermercado e fala-se tanto em comboio de alta velocidade, quando temos comboios que já andam bastante bem, quando temos voos diários entre a capital portuguesa e a capital espanhola, quando nos são exigidos mais e mais sacrifícios.
Parece uma birra, e parece que temos todos de andar sempre e só a falar do mesmo, uns contra e outros a favor em vez de estarmos todos muito mais focados em assuntos que nos farão sair do buraco em que hoje estamos atolados e que não vai ser de certeza o TGV que vai tudo melhorar. Seria bem simples se hoje o TGV nos resolvesse todos os nossos gravíssimos problemas. Mas não é de certeza. Assim seria interessante não só para os que negam o TGV, como para os que o defendem com unhas e dentes, deixar ficar tudo em banho-maria por tempos ainda sem data! Acrescentando ao mesmo”lote”: o Aeroporto, dado que a Portela chega e sobra, mais a Ponte que não é necessária para atravessar o Tejo, já lá tem várias, nem auto-estradas, dado que já temos muitas.
A Irlanda que em boa altura nos serviu de exemplo – pelo desenvolvimento produtivo, tudo - e que hoje volta a servir dado estar a tentar sair rapidamente da crise, e não tem 1/5 das nossas auto-estradas, nem das nossas estradas, e não é por aí que vai não ficar melhor. Por favor esqueçam o TGV. Por favor macem-se de falar em TGV. E ficará para mais tarde fazer uma boa meia dúzia, mas hoje nem pensar!