De: Pedro Figueiredo - "A questão é: «como?»"
Caro TAF:
- Como é que propõe, sem intervenção do Estado, recuperar / reabilitar a cidade do Porto?
- Acha que aos preços normais (preços de obra) da recuperação urbana – qualquer recuperação urbana que reabilite com qualidade -, existe uma qualquer empresa / entidade privada que ache fácil tirar os lucros do costume, aplicando os padrões de qualidade necessários?... os padrões de reabilitação de uma cidade Património da Humanidade como o Porto. Padrões Dignos e exigentes...? (Devo lembrar que qualquer investidor privado tem como padrão, grosso modo, construir fácil, rápido e cheio de problemas construtivos, como sabemos, de modo a desta forma rasteira tirar os lucros do costume...)
- Este medo do Estado–papão, não será de certo modo, ingénuo?
- Acha, Tiago, que a reabilitação de Lisboa em dezenas de quarteirões feita pelo Estado absolutista do Marquês de Pombal no séc. XVIII seria possível de ser feita sem ser pelo Estado? Terão as empresas privadas / imobiliárias que conhecemos no Portugal de hoje, força, vontade, capital, estratégia, conhecimento, boa-vontade para... embarcarem sozinhas e sem enquadramento público, social, etc... numa “empresa” de monta que é um tecido social e edificado na degradação que conhecemos? Não teem, pois não.? Como não tiveram até agora.
- O livre mercado deixou a reabilitação como um nicho de mercado nunca apetecível, sempre adiado. Não será a altura de pôr de lado o preconceito ideológico anti–Estado e tentar pensar, não em Estado absolutista, mas em “O Estado somos nós!”? Não é assim tanta vergonha fazermos parte de um Estado, assumirmos o papel de cidadãos, parte deste Estado e destes desafios.
Pedro Figueiredo