De: Marta Ferreira - "Mercado do Bolhão: esta solução não é do Dr. Rui Rio"
Grande embrulhada. No Mercado do Bolhão, tem vindo a ser constantemente anunciada uma reabilitação. O que acontece agora é que o tal restauro afinal não é bem um restauro, mas uma tamanha de uma transformação, colocando uma enorme cobertura, tapando por completo o histórico Bolhão, bem como a inclusão de funções que poderão entrar em curto-circuito com a comercialização dos produtos.
Não são estas obras minimalistas que tanto o Dr. Rui Rio falava, mas obras que alteram por completo o Bolhão. Será que não compreendem que o Porto tem um conjunto de traços que lhe confere autenticidade? Por que razão milhares de pessoas, turistas, visitam os Clérigos, o Mercado do Bolhão? Talvez por ter particularidades únicas de venda e grande qualidade arquitectónica. A imagem virtual do interior saiu apenas em papel no jornal Público e mostrava um Mercado completamente diferente, semelhante ao interior do shopping Via Catarina. Confesso até que, primeiramente, senti profunda tristeza, mas de seguida a revolta pela transformação de um símbolo da cidade, sem tão pouco ouvir quem lá vive e usa. Estas atitudes vêm dos modernizadores, daqueles que rompem com tudo e que têm um enorme ego.
Não culpem o Dr. Rui Rio, por esta intervenção, porque ela é feita pelo governo. Sim. Directamente do Ministério da Cultura, vem do Partido Socialista. Lembro-me do Dr. Rui Rio referir que queria algo que reabilitasse o Bolhão, numa intervenção minimalista. Esta intervenção custará 20 milhões de euros, valor por certo que não eram o previsto pela Câmara Municipal do Porto. Obviamente se traduz num despesismo da capital, que quer imputar à Cidade Invicta. Ouvimos então o vereador Correia Fernandes, a gritar com a voz muito alta nos jornais, que o Dr. Rui Rio terá de cumprir agora com o modelo de financiamento. A questão é muito simples. Será que a cidade quer o modelo proposto pelo partido PS, pelo vereador Correia Fernandes? Esse é o ponto essencial. O Dr. Rui Rio definiu um outro modelo de actuação no Mercado e, como tal, não lhe podem ser imputadas responsabilidades políticas pelo que está a ser feito pelo governo.
Por último, deixo uma imagem do Mercado aberto, com a praça aberta, com a autenticidade do Porto, da Cidade Invicta, num dos momentos do dia que propicia a reflexão sobre o tema, que correrá ainda muita tinta...
Obrigada,
Cumprimentos,
Marta Ferreira