De: Augusto Küttner de Magalhães - "Ainda a Casa da Música"
De facto temos de saber aproveitar o que temos, e tantas vezes o podemos fazer a “custo zero”. Estar a vaguear por “dentro” da Casa da Música, - convém repetir a “custo zero” dado que muitos acham que se pode ter de pagar só para lá entrar - é algo de muito interessante, e até necessário, - para não se falar sem saber o que se diz, - pagar para entrar - algo que nos está a ser excessivamente comum. Se estivermos junto dos grandes janelões dos pisos superiores, virados para a Avenida da Boavista, é possível avistar, parece tão perto, Gaia, e um dos seus shopping´s – Centro Comercial - , tão próximo e ainda mais perto o edifício do Barclays, por trás deste outro Shopping - aqui do Porto, ao lado o Hotel Fénix – Porto, por menos agradável que possa ser, mais ao lado o Cemitério, mesmo em frente as instalações desactivadas da Litografia Lusitana mas cujo letreiro continua bem patente, a Águia ali tão perto, tão próxima, no centro da Rotunda da Boavista, engraçado, ao olhar para baixo, a atravessar a avenida da Boavista, quatro freiras com as vestimentas a rigor, logo dá para perceber que o são. Já na Avenida da Boavista um alinhamento de casas antigas, umas já bem recuperadas, outras em desleixo, como tantas nos centros das grandes cidades. O Porto é não grande, mas tem casas abandonadas, no seu centro e não só. Ainda na Casa da Música ao olhar para o exterior de outro ângulo, é-nos possível ver um edifico novo, muito próximo, que tem uma abertura para que não fique um obstáculo à excelente vista através do mesmo pela Avenida da Boavista abaixo.
Podemos já no interior, sempre a custo zero, apreciar, ouvir, o ensaio de uma orquestra, estamos a pé mas ouvimos e vemos muito bem. Um grupo de jovens com uma orientadora está também a assistir neste corredor, e está-lhes a ser explicado que as paredes têm na sua estrutura uma quantidade de furos – propositadamente - que servem para não deixar indevidamente propagar o eco, dado que se fossem lisas o mesmo faria retorno e deturparia o som original. Os alunos saíram. Fiquei mais um pouco, o ensaio terminou, os músicos saem, alguns trazem os seus instrumentos, descemos no mesmo elevadore, não cabem todos, ouve-se falar inglês, claro português, e austríaco, e chegámos ao piso 0, uns quanto vão para o Bar dos Artistas, outros que já lá estivemos (estivemos) vamos embora, saímos, e fica o meteorito, a Casa da Música, para trás, para sempre, para todos os dias, não só para concertos, mas também para concertos. Será necessário ter-se cultura em qualquer país? Hoje? Com Internet e televisão? Evidentemente que sim. Será uma prioridade, quando há gente a passar fome? Claro que deve ser tida e havida com cuidado a escolha da prioridade, a aplicação dos meios disponíveis, para não deixar que ninguém passe mal sem se alimentar de verdadeira comida, mas uma sociedade sem cultura é um deserto de estupidificação, e temos todos de fazer crescer o país em todos os aspectos, mas nunca descurando a Cultura, bem como fazer voltar a Filosofia, e talvez poupar em armamento…
Augusto Küttner de Magalhães