De: Cristina Santos - "Não se afastem das obrigações com o Estado???"

Submetido por taf em Sexta, 2010-03-26 15:05

Este tema será certamente generalista para o conceito do blog, no entanto a aprovação do PEC, um plano que não gera competitividade nem crescimento, afecta especialmente a nossa situação local.

Estamos ao momento completamente descapitalizados de mão-de-obra directa. É-nos impossível competir com os salários praticados na Europa, perdemos todos os dias efectivos que levaram anos a formar. Perdemos competitividade. Ao momento Espanha e outros países da Europa contam não só com a mão-de-obra directa que a custo formámos, como com licenciados portugueses em tarefas indiferenciadas. A nós resta-nos a mão-de-obra incapaz para a produção.

Para efeitos de competitividade o salário mínimo deveria ser actualizado para um mínimo de 800€, acontece que as empresas não podem suportar esse aumento, com custo de produção mais alto que a vizinha Espanha e com carga fiscal incomportável. Se a maioria dos portugueses ganha abaixo dos 800€, o Estado terá de baixar por algum tempo os seus custos, a carga fiscal ser reduzida pelo menos um ponto em relação a Espanha, para conquista de mercado e know how; as empresas incentivadas, não com empréstimos em que o próprio Estado admite uma carga excessiva e anuncia disparates como “não se afastem das obrigações com o Estado", mas com redução do custo da energia. Só assim se evitará a insolvência em massa que 2010/2011 anunciam. Note-se que o desemprego aumenta, mas também têm aumentado os cargos disponíveis para mão-de-obra directa, é um paradoxo? Não é, simplesmente se os portugueses podem ganhar 1.500€ em Espanha não vão ganhar abaixo dos 800€ em Portugal.

As empresas neste momento precisam do apoio de toda a sociedade civil, na luta contra estas medidas absurdas que nos foram propostas. É um abuso este post, mas abusados temos sido todos, em especial as empresas: difamadas, acusadas injustamente, quando são as empresas e os trabalhadores das mesmas que pagam todas as contas da incompetência, e tendo pago vão ser obrigados a encerrar. Tendo-se demitido a oposição e tendo o Governo insistido na falta de coragem, terá de ser a sociedade civil tomar medidas para que a Assembleia de facto represente o povo. A não se fazer, as empresas, como já acontece em crescendo, vão-se deslocar para fora do país.

O Norte poderia ser pioneiro, já que é exactamente na nossa região, por estar debilitada, que este estado da economia mais fertiliza. Não nos adiantam grandes obras, grandes projectos, simplesmente não há mão-de-obra, não podemos competir em salários, em custos de produção, em carga fiscal. A culpa não é das empresas, não é dos empresários, a culpa é do Estado de Direito trágico que temos tido nos últimos anos.

Cristina Santos