De: Vítor Silva - "Mercados Municipais, Saúde e Agricultura"

Submetido por taf em Segunda, 2010-03-01 20:22

A propósito das mensagens que têm sido aqui trocadas sobre mercados municipais e da recente notícia do JN "Obras recomeçam no mercado da Areosa"

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«Os mercados municipais estão em decadência e ao abandono ou a serem transformados em banais centros comerciais. Renová-los, certamente. Mas segundo que conceito?

Temos defendido que os mercados municipais podem e devem ser alavanca de uma nova relação entre consumidores urbanos e produtores agrícolas de proximidade, com relevo para os produtos frescos, sem prejuízo de alguma "movida" como acontece no interessante Mercado del Angel perto da Plaza Mayor de Madrid. O que de todo não interessa é a sua extinção ou desfiguração total. A saúde do consumidor urbano passa por alimentos produzidos segundo cadernos de encargos que favoreçam a agricultura não destrutiva do ambiente. Uma agricultura baseada na policultura, na fertilização orgânica. Alimentos que não podem deixar de ser mais caros mas não de preço especulativo.

As grandes cadeias de distribuição (que foram quem afundou os mercados municipais, na passividade das "autoridades", aliada à ignorância do público sobre quais os alimentos que o protegem), com a sua política de esmagarem os preços agrícolas em suposto benefício de um consumidor manipulado pelos preços baixos mas que acaba por deixar couro e cabelo nas caixas com seus sacos atulhados de inutilidades ou de pseudoalimentos, estão a pedir uma análise crítica socioeconómica e sanitária e uma crítica em atos através de novos comportamentos de aquisição por parte de um público urbano esclarecido. Que em Espanha vem sendo feita pela campanha "Grandes cadenas de distribuición no gracias".

Disso depende também a revitalização da produção agrícola familiar, de policultura, de proximidade. E disso depende... a paisagem da região entre Douro e Minho! Se não acordarmos, não tardará muito que, morrendo os velhos que hoje ainda mantêm a paisagem agrícola que resta na nossa região, nada mais nos fique a não ser um eucaliptal compacto atravessado de nós rodoviários e ciclicamente em chamas.»

José Carlos Marques