De: Cristina Santos - "Se os autarcas gerassem emprego, para que queríamos regionalização?"
Caro Pedro Figueiredo
Essa mega-responsabilidade que impõem a um simples autarca dependente do poder central, que por sua vez depende do poder Europeu, em causas tão nacionais, como são o desemprego ou a coesão, é contraditória. Se o centralismo não limitasse, como limita, as acções das autarquias, não estaríamos a falar de regionalização e da necessidade dela. Não vejo, sinceramente, como se possam reunir autarquias, sem antes tal ser deliberado pelo Governo, nem alcanço como se fomenta o emprego numa região quando esse Governo, que recebe e redistribui, retira verbas essenciais a esse objectivo.
Não tenho conhecimentos que me permitam fazer a distinção entre regionalizador e regionalista, para poder concordar ou não consigo quanto à “classificação” de Rui Rio, o que constato é que se trata de um autarca que reúne consenso no seu modo, em várias regiões.
Relativamente ao Porto pretender ser a Capital do Norte, não conheço o modelo que defende, mas presumo que num processo de regionalização o poder seja distribuído, e não exista propriamente um líder, penso que se pretende uma gestão participada por quem conhece a região que defende, e posteriormente se reúnam esses conhecimentos numa estratégia única. O aeroporto é no Porto, as principais auto-estradas terminam aqui, o porto-Leixões, portanto à partida as regiões deviam triangular para onde já existem infra-estruturas, não vamos construir um Norte novo, mas sim levantá-lo com o que existe. Braga, Guimarães, ligam ao Porto para exportação, depois Porto, Braga, Guimarães ligam a Vila Real para ligação efectiva e primordial a Espanha.
Não conheço bem os modelos Europeus, e muito sinceramente embora possam servir de inspiração, nós temos capacidade de criar algo novo, adaptado à nossa situação. Relativamente às supostas especulações com o Aleixo, vai-me desculpar Pedro, mas o Aleixo é o exemplo máximo de tudo o que devemos evitar em matéria de apoio social. Habitação social nesses moldes não é solução. As pessoas merecem outras oportunidades, dignidade e integração social, sou manifestamente contra tratar as pessoas por incapazes, confiná-las a capoeiras. São pessoas, são portuenses. merecem e impõe-se que partilhem e vivam nesta cidade. Quanto à ideia de o Estado ser detentor de "muitas infra-estruturas", na minha óptica só as mínimas, a assistência do Estado é cara e não devemos ambicionar viver na sua sombra. Se o La Feria é cultura sem crítica, o que nao falta é cultura nesta cidade e da boa, Carlos Alberto, São João, etc.
Concedo que, eventualmente, precisemos de algo completamente novo para mover a regionalização, que não inclua Rui Rio, que não transmita a ideia de que o Porto pretende ser capital, uma mudança faraónica, daquelas imprescindíveis e estruturais, em que se possível no primeiro passo se evite atirar pedras aos que se levantam a defender a opção, sejam eles de que partidos forem. Afinal, o que se pretende é que a região se sobreponha ao interesse de qualquer equipa partidária. Sugiro que tenha alguma atenção, não se vá dar o caso de defender alguém que eventualmente esteja ligado a um partido, e que depois as pessoas reajam tal como o Pedro reagiu à opção Rui Rio. É que se vamos já pela óptica dos partidos, esqueça, diria que nesse campo está tudo minado. Nova gente? O óptimo é inimigo do bom.