De: Augusto Küttner de Magalhães - "Tudo acontece em Lisboa!"
De facto temos que começar a gritar alto! O País não é só Lisboa! E as alternativas a Lisboa não têm de ser necessariamente só o Porto. Podem – têm, devem - ser muito mais, o País vai de Norte a Sul, do litoral ao interior, mas não pode continuar a ser só Lisboa. Claro que a Presidência da Republica está em Lisboa, o Governo está lá, claro que a Assembleia da República também está lá, claro que quase tudo está lá. Mas se o País for só Lisboa é de facto muito, muito pouco. E tudo o que seja lançamentos de livros acontece em Lisboa. Comemorações referentes a actos de Deputados, em Lisboa! Claro o Parlamento está em Lisboa! Até o aniversário de jornais, de um grande, bom jornal diário de referência e qualidade, acontece em Lisboa! Porquê? Dizem-me que se não for em Lisboa, ninguém vai. Dizem-me que tem de ser em Lisboa, dado ser a capital. Dizem-me que é em Lisboa, porque é de facto é! Tem de ser, sempre assim foi! De facto se estivermos no Porto, na Guarda, em Vila Real, na Covilhã, em Bragança, em Coimbra, temos de ir sempre a Lisboa. De facto Lisboa põe e dispõe. Mas fora de Lisboa também existem boas Coisas, Pessoas de mérito! Mas têm sempre de ir a Lisboa. Em Lisboa é que acontece. Braga está a tornar-se um pólo de Investigação, mas não é Lisboa. Vila Real está junto ao Douro Património Mundial, mas não é Lisboa. Coimbra tem sido a cidade dos estudantes, mas não é Lisboa. E muitos que vão dos arrabaldes para a Capital, esquecem as suas origens ou, se não esquecem, fazem por não as ter de lembrar, não vale a pena, Lisboa, é Lisboa. Digamos que nada há contra Lisboa. Mas digamos que não há só Lisboa! Por ser só Lisboa. Lisboa é tudo, tem tudo.
E o resto? O Aeroporto Sá Carneiro foi pelo terceiro ano consecutivo classificado o terceiro melhor da Europa e o melhor até cinco milhões de passageiros. No Porto, vejam lá! Claro que hoje se fala de tanto tema acessório até à Governação Centralizada do País que, não havendo tempo para esta Governação Centralizada do País, andamos pelo acessório, nem podemos perder, gastar tempo a pensar na descentralização. Mas talvez seja necessário, talvez seja indispensável descentralizar. Sem criar mais lugares, mais despesas, mais mordomias. Isso Nunca, Never, Jamais. Basta passar aos poucos para os centros descentralizados – sem poder - já existentes tudo o que está sempre e só dependente do poder centralizado de Lisboa. Isto é: escolas, liceus, hospitais, tribunais, e tudo mais. E um dia já Portugal não será só Lisboa, já não será necessário ir sempre e só a Lisboa para tudo acontecer. Em cada local mais próximo, o que não implica ter tudo mesmo ao virar da esquina, muito pode acontecer. Muito deve acontecer, e se começássemos todos a pensar nisto e se nos preocupássemos todos com isto? E se deixássemos o secundário para quando estivermos bem melhor, e nos agarrássemos ao essencial quando estamos bem pior? Será possível? Talvez! Ou talvez não!
Augusto Küttner de Magalhães