De: Augusto Küttner de Magalhães - "Dois assuntos"
Serralves e ainda Augusto Alves da Silva
Com a minha fixação em e por Serralves - fixação não doentia -, que considero um dos sítios esplêndidos do Porto, quis rever a exposição da Augusto Alvas da Silva. Já a tinha visto duas vezes em 2009, agora mais uma em Fevereiro de 2010. Serralves por si é muito bom, esta exposição é muito interessante.
Tenho por vezes dificuldade em apreciar, entender, compreender algumas exposições contemporâneas, dada a minha possível ignorância, por vezes não as entendo, mas esta é muito interessante e facilmente entendível. Tem uma parte – mais reservada – em que há uma focagem muto bonita sobre algo que é tão belo que é a Mulher e o seu corpo. Tem uma tabuleta que refere algo como mostras com partes “sexualmente explicitas” e de facto vê-se sem qualquer “tapagem” o sexo de algumas mulheres, e vê-se o corpo bonito de tantas outras, tudo para desvendar, pelo que vejo o que é bonito, e de facto é, sem qualquer necessidade de se querer subentender o que ali não há, acho muito interessante a rapariga que aparece na brochura da exposição, em que se vê o corpo um pouco acima dos joelhos, até antes dos seios e com uma minissaia desapertada, bem como uma rapariga deitada com a parte de baixo do biquíni desabotoado, esta já não na brochura. Noutra parte da exposição, já não com avisos de resguardo, a fotografia tirada de dentro do stand de automóveis topo de gama, na sua característica – automóveis - cor vermelha! Vê-se um sem-abrigo no exterior a fazer um gesto um pouco indecoroso, um certo contraste ente a riqueza e pobreza, o ter e o não ter! Bem como uma outra em que uma casa é/foi construída, mesmo junto a uma estrada e que dá a impressão de já termos visto algo de semelhante quando viajamos pelo nosso país saindo das auto-estradas, e fica-nos a ideia de como se entra e principalmente como se sai daquela habitação, sem risco de desastre! Mais um belo espaço, bem aproveitado e visto em Serralves, por quem não percebendo grandemente de arte, gosta de ver e acha muito oportuno que se aproveite naquele espaço a beleza do corpo da Mulher e não só!
Alexandre Burmester e os Pais de Mimados
Ao ler o que escreveu lembrei-me do que anda há muito a dizer o Daniel Sampaio, mas que não é lido. Andam todos tão obcecados com as escutas, com o disse que disse, com a maledicência, que o importante passa ao lado. Como o que vende é quem mais falar sobre quem escutou quem, quem manda e quem deixa de mandar nos media, o resto, o necessário, o indispensável vai-se deteriorando. Vou-me permitir citar o Artur Santos Silva – por quem tenho grande admiração e consideração - há dias numa Conferência sobre Educação no seguimento das Comemorações do Centenário da República, que dizia que é essencial que as nossas crianças aprendam bem, verdadeiramente bem no básico, para terem bases para ir em frente. Quanto a Daniel Sampaio, e lembrando muito do que tem escrito sobre educação que não só instrução: temos de ter pais responsáveis, temos de saber ter filhos responsabilizados, temos de fazer com que os nossos filhos nos respeitem e nós sabermo-nos fazer respeitar, tem de haver regras, tem de haver limites. Os pais não são os melhores amigos dos filhos, não sei se isto também é de Daniel Sampaio, mas estou a pensar e a escrever. Os pais enquanto os filhos estão a ser educados são pais e os filhos são filhos, não havendo distanciamento desnecessário, bem pelo contrário, mas havendo uma linha que tem de ser respeitada. E pais e filhos só passam a amigos quando estes deixam de estar na dependência daqueles. Enquanto o pai é só pai e o filho é só filho, não são amigos, dado que se forem não pode o pai ou mãe a chamar à ordem o filho dado que se é amigo manda o outro amigo dar uma volta!
Quanto a ter de ser uma ditadura a única forma de compor este país, estou em total desacordo. Em democracia ainda conseguiremos, sendo que democracia não pode ser sinónimo de todos e cada um puxar para seu lado, de todos e cada acharem que tudo podem fazer sem regras, nem valores. E regras, valores, referências é que está tremendamente em falta. Temos de as encontrar e todos incluindo os meios de comunicação social têm de querer colaborar.