De: Augusto Küttner de Magalhães - "Serralves visto de dentro"

Submetido por taf em Quarta, 2010-02-10 17:11

Tenho uma enorme ligação com Serralves, vá-se lá saber porquê! Gosto! Gosto do espaço, gosto de lá ir, gosto de lá estar, gosto que exista Serralves no Porto, em Portugal, no Mundo. Perdendo um pouco o hábito tão arreigado que temos – todos! - de sempre dizer mal de nós próprios, de tudo que é nosso, de quando em vez podemos pensar, não queimamos os neurónios e conseguimos descobrir excelentes pessoas com obra feita e obra a fazer. Portugueses cá “dentro” em Portugal, portugueses a trabalhar no estrangeiro. Não sendo aqui e agora o momento de citar nomes, se fosse eram muitas e muitos, e nada mais iria poder escrever. Assim, volto a Serralves visto por dentro e, olhando para o hall de entrada, sente-se o espaço, subindo a escada, passando o restaurante e estando bom tempo, tomar um café na esplanada, a ler um livro, a olhar os jardins, as árvores, estamos a poucos metros da Avenida da Boavista, com todo o seu movimento, e parece que estamos fora da cidade. E passa de vez em quando um avião que nos pode interromper a leitura, mas voltamos à calma que nos rodeia, que nos permite respirar ar puro e continuar a ler. Ir ao bar no piso térreo, já em tempo mais de invernia em que não podendo estar lá em cima ficamos por baixo, junto à grande janela que dá para o jardim, que vemos de outra perspectiva, ouvimos falar várias línguas, sente-se o “mexer” do museu.

Mas não só do museu, mas de um grande espaço que convive com a cultura, com a natureza, com as pessoas. Trata-se de um lugar bem vivo, por vezes passam grupos de crianças que vêm das escolas, outras vezes uns grupos de adolescentes um pouco mais barulhentos, mas adaptam-se ao espaço e respeitam-no, e a quem por lá está! E podemos aproveitar ir ao museu, estando ainda o Augusto Alves da Silva com uma fantástica exposição. Convenhamos que por vezes umas exposições de tão contemporâneas ultrapassam-me e modestamente admito que não entendo nada do que estou a ver, mas esta do Augusto Alves da Silva vale e muito ser vista, bem como as outras por quem melhor que eu as entender. Mas, para além de tudo, fica este excelente espaço onde se está, onde se pode estar, onde se está bem.