De: Augusto Küttner de Magalhães - "Venham outros!"
De repente parece haver uma sensação demasiado abrangente neste nosso país que em tudo de “público” aparecem sempre os mesmos. O descontentamento com o não evoluir do país é tremendo e evidentemente que tende a aumentar. Se olharmos para a AR, para o Goveno, para os Partidos, para os Juízes, para onde quer que seja, é sempre mais do mesmo. Não que se não vá aprendendo com o andar da vida, mas muitas vezes o que se aprende e apreende não resulta e, a partir de determinada fase da vida de cada um, certas normas que foram sendo instituidas irão perdurar para sempre. Não há qualquer hipotese de mudança diferentemente positiva com as mesmas pessoas, mesmo que não as mesmas consecutivamente, se “o que vier a seguir foi o que já lá esteve”.
Se pensarmos que amanhã quem hoje é governo deixar de ser, quem virá hipoteticamente ocupar aquele lugar claro que é alguém sobejamente conhecido. Porventura de momento ninguém se posiciona – se necessário for, e espera-se que não - de não igual, de diferente, para dar um passo em frente, por certo de momento unicamente a iniciativa presidencial poderia resolver o problema a curto prazo, e depois? Mais do mesmo, mais dos mesmos, sendo que podendo não ser os que lá ainda estão, mas os que já estiveram, e os que fazem tudo para lá conseguirem chegar. Mas são sempre os mesmos, é um repetir de pessoas, de factos, de cadeias de comunicação, de informação, de governação. E se se acha que tudo tem de mudar, nada vai mudar com mais do mesmo. Assim, lentamente, sem sobressaltos, sem mais confusões temos de sentir que irão paulatinanemte de “todos” os lados, sem excepção aparecer “outros”, diferentes, sem compromissos com quem lá está ou lá esteve. Mais do mesmo, já basta assim.
Não vamos para já assumir que a mudança só exequível se implicar mudar o regime, passar de uma democracia a uma ditadura. Não! Apesar de ser um desejo abertamente pronunciado por alguns, e pensado por muitos mais, não terá de ser por aí. Podemos, devemos, temos de continuar democraticamente o futuro, mas com caras diferentes, totalmente diferentes, sem uma única figura das até aqui já repetidas, e sem compromissos com quem quer que seja. Claro que é muito dificil que “o“ ter poder não modifique as pessoas, claro que sempre modificou e sempre modificará. Mas com novas regras, ou seja sem proteccionismo mas unicamente com regulação, há que fazer aparecer “outros” que vêm desligados de “todos estes”. E esses outros, sem se acharem os donos da verdade, da tal – verdade - tanto procurada por cada vez mais, tem de assumir uma nova forma de estar, de ser e de não só ter, mas de modo algum vão decapitar os não novos, longe disso, mas tem de haver um pacto inter-geracional que faça com que os “outros”, os “não do costume” com juízo, com modéstia, saltem para a frente e os que por lá andam há muito dêem um passo – voluntário e honroso - atrás e por aí fiquem, sem aspirações de voltar a dar o passo em frente. Não resultou o que se tem passado nas últimas duas décadas e meia, não deu frutos e todos de todos os lados que hoje por aí andam da mais esquerda à mais direita, é sempre mais do mesmo, logo será para fazer ainda mais do mesmo. Algo que já deixou de dar, algo que é indispensável mudar, e sem quem “vier de novo” ter o poder como um meio de chegar a todo o lado, mas antes como uma forma de saber fazer respeitar, de saber respeitar os outros, de mudar totalmente de atitude. Não sendo fácil é urgentemente importante e os senadores que vão recuar servirão como orientadores, como facilitadores, como conselheiros, sem obrigatoriedade de serem seguidos, mas com empenho de serem – sempre - ouvidos. E depois de tanta confusão está chegada a hora de tudo com muito cuidado, bom senso, e sem importância pela importância, inerente ao poder, mudar. É urgente, é importante, é necessário.
Augusto Küttner de Magalhães