De: Augusto Küttner de Magalhães - "Serralves a qualquer hora!"
Algo que me agrada em Serralves é lá ir quando posso, a qualquer hora. Como é evidente em certas alturas está mais gente, o que até dá uma certa vida, outras está pouca, há menos barulho. São visões diferentes do mesmo espaço, ambas agradáveis e um pouco em função de como nós próprios nos encontramos, o que vamos “buscar” a Serralves. Podemos ir ler, e se estiver bom tempo na esplanada ou no jardim, conforme a envolvente que mais nos interessar, qualquer altura é boa! Se bem que, mesmo para ler, necessito de algum silêncio, caso contrário disperso-me entre o que estou a ler e o que me rodeia, o que me faz voltar várias vezes “atrás”. Se vou escrever – juntar palavras, o que quer que seja! – pode ser na Biblioteca, que por vezes está cheia, normalmente de gente nova que por norma tem respeito por si mesma. Este respeito implica não estar a falar como se no bar estivessem e se o não fizer, pode originar situações momentâneas, mas reais, de que todos se acham com o direito de o fazer, de falar alto, mas depois tudo se atenua. E não tenhamos duvidas que apesar de ser uma biblioteca diferente, dado incorporar num espaço aberto por cima da mesma uma parte do museu, consegue-se estar bem, com um espaço muito agradável que é ainda mais simpático face aquele enorme janelão que dá para o jardim. Também se pode optar pelo Bar, mas aí o ruído normal de quem fala em tom usual pode desconcentrar.
Mas é Serralves, sempre um espaço simpático e acolhedor, que cada vez mais é procurado por muitos. Para além de ser possível ver-se uma certa circulação de pessoas nacionais e estrangeiras a ver estes locais, e por norma da forma que o fazem nem incomodam. Na Biblioteca alturas há em que são dados ensinamentos a grupos de escolas e, conforme o grupo, o tema, o interesse e o orientador, tudo corre de forma não inquietante, ou outras vezes um pouco mais barulhenta, mas controlavel. Pela positiva se defendem estes espaços e objectivamente é difícil encontrar nos arredores algo que se posicione tão abrangente e agradavelmente. A conservação de um espaço como Serralves mesmo visto “de fora” percebe-se que não e fácil, até dado o nosso civismo se confundir tremendamente com egoismo, o que nos faculta ver cenas de mau uso das casas de banho, que nos faz pasmar se farão o mesmo em suas casas. Por outro lado, a sujeira que alguns fazem nos jardins, atirando papéis, restos de comidas, garrafas para o chão, é desoladora! São as tais faltas, tão graves, que a tantos demasiadamente afectam. E vê-se quem conserva, quem limpa, quem usa e deixa tudo como estava e quem vandaliza, um espaço que quer se queira quer não é para todos, é pena que assim se comportem. Mas estes comportanteos são “aqueles” a que infelizmente nos vamos habituando a ver nos mais diversos locais. Todos corremos atrás da educação que de longe ultrapassa a instrução, mas não vai fácil. Mas Serralves dignifica as areas abrangentes que congrega e cria situações muito agradáveis e de bem estar. As conferências quando exitstem e decorrem no Auditório são um tempo por norma ganho a aprender, e como sempre tem de aparecer um ou outro indivíduo que curiosamente no espaço aberto a perguntas faz um discurso maior que o feito pelo orador convidado, que ninguém entende e esquece-se da pergunta. É agradável no mesmo espaço termos estas valências todos, o que pode permitir conseguir-se “apanhar” várias formas de conhecimento, todas no mesmo espaço, em Serralves.
Augusto Küttner de Magalhães