De: Maria Augusta Dionísio - "Ainda e sempre o Aleixo"
Li recentemente um texto escrito por Moises Ferreira, deputado municipal do BE na Assembleia do Porto, que me deixou perturbada. O que me incomodou em particular foi a citação de afirmações produzidas pelo deputado municipal do PSD, Amândio de Azevedo, a respeito da demolição do Aleixo. Transcrevo aqui tais afirmações:
«Para este membro do grupo municipal do PSD, a coisa é simples... Primeiro: "as pessoas que beneficiam de apoios sociais [como é o caso da habitação social] não podem ter os mesmos direitos que os outros"; Segundo: "Existem locais onde a habitação é mais cara, logo, as pessoas com menos rendimentos têm de se mudar para outros locais"; Terceiro: os apoios sociais, quer seja o subsídio de desemprego ou a atribuição de uma casa de habitação social, devem cobrir apenas as necessidades mínimas das pessoas; Quarto (e volto a citar): "Não se pode permitir que os mais necessitados mandem na cidade".»
De facto, no caso do meu bairro, aquilo que está em causa é precisamente estes quatro principios anunciados por um nosso ex-governante. No fundo tudo se resume a isto e a esta visão profundamente extremista de se ver o mundo que nos rodeia. Pena é que esta cidade permita que tudo isto aconteça sem a devida resposta...
P.S.: Li hoje no JN que a CMP aceita propostas de cidadãos para iniciativas que substituam o festival de aviões sobre o Douro. Deixo aqui o meu contributo. Agende-se para o mesmo período em que tal prova decorra em Lisboa a demolição das torres do meu bairro, uma por ano. O espectáculo fica garantido por cinco anos... e como os que aqui vivem não contam para nada, para animar o espectáculo impludam-se as torres com os índios lá dentro...
Maria Augusta Dionísio
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Nota de TAF: esta ideia da implosão simultânea com a Red Bull em Lisboa é absolutamente genial. :-)