De: António Alves - "As gerações futuras não nos perdoarão a cobardia"
As linhas do Tâmega e Corgo foram encerradas quase há um ano sob o pretexto da falta de segurança. Na altura foram prometidos milhões (40) para a sua reabilitação. Quase um ano passado, no Corgo decorrem algumas obras, mais para entreter do que para qualquer outra finalidade, e no Tâmega levantaram-se os carris e mais nada aconteceu. Prefiro acreditar que as linhas reabrirão um dia reabilitadas, mas não seria inédito em Portugal uma linha encerrar definitivamente mesmo acabada de renovar. Hoje já é líquido que a Linha do Tua morrerá. Quem manda prefere incrementar o especulativo valor accionista da Companhia das Índias Interiores (EDP) a preservar um vale intacto, um património único e não se incomoda nada em desvalorizar um produto turístico de excelência como é o Vale do Douro. Quanto maior for o sucesso da indústria turística duriense mais difícil será justificar a subsidiação de um certo turísmo lá pela capital imperial.
O desmoronamento ocorrido no Douro, a poucos quilómetros a jusante do Tua, requere que aqui a Norte nos mantenhamos atentos. O risco de aproveitamento da ocasião para um encerramento definitivo é real. Além da machadada na indústria turística do Douro, morre de vez uma das possíveis vias que esta região tem para escoar as suas mercadorias utilizando o caminho-de-ferro. E talvez seja mesmo esse o maior inimigo da Linha do Douro: a sua transformação em via de bitola europeia e a faculdade de ligar Leixões a Salamanca e Valladolid poderiam ser a morte de alguns projectos megalómanos a sul. E isso claramente não interessa a muita gente poderosa. Se deixarmos morrer a Linha do Douro as gerações futuras não nos perdoarão a cobardia.