De: Fernando Morgado - "Obrigado Air Race"
Penso que o episódio caricato da transferência deste evento para Oeiras só poderá servir de lenitivo à verdadeira "luta" que temos pela frente: a Regionalização. A deslocalização de empresas para sul, a perca de poder político e económico que o Norte vem sofrendo, o TGV, o Aeroporto, etc., não são motivos suficientemente populares para que finalmente as pessoas todas, os letrados e os outros, os entendidos e os abstencionistas, os do sistema e os rezingões, entendam que, de facto, É DEMAIS!
Claro que um qualquer adjectivo de pacóvios, ou provincianos, servirá para justificar esta histeria à volta dos maluquinhos do ar. Mas eu quero lá saber dessa gente, desses interesses, dessa pacovice agora deles de quererem ficar de cabeça no ar a servirem de cenário para as Tv's e os spots publicitários. Importante mesmo é que isso tornou-se num acontecimento POPULAR, portanto aprazível ao Povo, ao Povo que vota, que lhes suporta o pedestal onde fazem sobressair as suas estátuas (sim, porque na Assembleia da República a maioria deles pouco mais são que estátuas). E é essa importância que a gula saloia quis aprisionar.
Mas é também a importância deste golpe POPULAR, audível e perceptível por todos, que devemos aproveitar para catapultar aquilo que é a nossa maior motivação: Chega! Não nos calemos com a necessidade de Regionalizar! QREN? O que é isso? PIB? Sei lá...Poder de compra? O Neca da Alda e o Dr. Lage, o Zé dos Anzóis e o Dr. Rui Moreira, o Manel da Padaria e o Dr. Rio, deverão perceber todos a mesma linguagem, ou seja, não foram os aviões que nos tiraram - foi, continua a ser, a dignidade que não nos respeitam. Que culpa tenho eu de ter nascido no Norte, e continuar a cá viver (privilégio, digo eu)? Sou menos Português? Durante muito tempo, e de uma forma jocosa, eu dizia que este país era um erro geológico (ou seja, sem lógica geográfica), e, portanto, aquela cratera entre o Algarve e Marrocos devia ser mais acima perto de Aveiro. Mas agora já tenho outra opinião: o Afonso zangou-se com a família e foi-se aos mouros por aí abaixo e hoje temos o que temos. Se ele fosse de sorrisos por aí acima, hoje seríamos mais galaicos. Iríamos na mesma ao Algarve, mas como quem vai ao estrangeiro até Valencia ou Huelva.
Eu não tenho estatuto, nem voz, para aglutinar forças e forçar atitudes que para todos nós são já urgentes. Mas vivo a expectativa, com ansiedade, de ver esse movimento ganhar forma, conteúdo e dinâmica. Para esse peditório eu continuo a dar.
Obrigado Air Race!
Fernando Morgado