De: Alexandre Ferreira - "Boicote"
Como princípio queria ressalvar que o ponto fulcral de toda a questão é o eventual patrocínio de entidades e empresas estatais para deslocalizar um acontecimento, prejudicando de forma primária e irresponsável uma cidade do seu próprio país que contribui massivamente para tais entidades, em detrimento de outra cidade do mesmo país. Noutras palavras, empresas nacionais a portarem-se como braço financeiro de Lisboa, roubando o aborrecido mas mediático "circo" ao Porto, como se a cidade estivesse em Espanha.
No meio de várias reacções, foi com misto de prazer e desagrado que observei o desenrolar da iniciativa de Nuno Camilo, conhecida como o Boicote RBAR. Observei com prazer a velocidade com que as empresas e institutos relacionados com esta notícia recuaram publicamente, descartando-se de qualquer envolvimento. Inclusive, a patética e encomendada notícia no Público reflecte a eficácia do anúncio da medida. Tal reacção demonstrou que se pretendemos combater a centralização absurda e danosa, muitas vezes não se depende de meios, mas antes de coragem em afirmar publicamente o que se diz em surdina e sobretudo não recear em tomar posições e atitudes firmes que tenham consequências. Portanto, no rácio meios / impacto / resultados, nota máxima para Nuno Camilo.
Patética, Provinciana, Primária é a reacção que observei com desagrado de algumas pessoas desta região a quem deram tempo de antena em vários locais inclusive no GP,que denegriram a iniciativa, pois são o reflexo e a causa de muitas batalhas perdidas, estas bem mais importantes, que conduziram ao menor fulgor da cidade e da Região. São pessoas a quem o horror de serem rotulados por quem está do outro lado da barricada as faz criticar violentamente qualquer posição que se tome, pois o seu conformismo, a valorização da aparência, a subjugação das suas acções à opinião de terceiros, tão típica dos provincianos, impede-as de se afirmarem de forma recta e adulta, pois a discordância, a acção, a defesa de valores e causas contra o establishment que caracteriza as sociedades democráticas e evoluídas, colide com o moralismo e a inércia que caracterizou a sociedade Portuguesa no séc. XX.
Alexandre Ferreira
ACdP