De: Cristina Santos - "Adeus Air Race"
Relativamente à Red Bull Air Race, o último espectáculo foi evidente quanto ao futuro, despedi-me dele nesse Domingo, com os putos da Ribeira a mergulhar no Douro, com os Alemães e os Chineses a competir para as melhores fotografias, com os inúmeros galegos que nos acompanharam na cruzada da ponte, até à Rua do Loureiro.
Notava-se que o investimento, a promoção, já não se limitava apenas à competição, mas à venda de um entretenimento abrangente, foi o melhor espectáculo de todos. Via-se também que estavam reunidas as condições para uma renegociação severa e, possivelmente, para a oferta da proposta à Capital, que andava com uns aviões característicos a dar pequenos espectáculos.
Enquanto os putos da Ribeira mergulhavam e a malta parava na escadaria para apreciar e fotografar, lembro-me de ter comentado que os opositores, acho que foi más-línguas que chamei aos meus amigos portuenses críticos do evento, podiam ficar satisfeitos porque provavelmente não veríamos mais a Air Race no Porto, e que presumivelmente já não receberíamos telefonemas de França a dizer que o anúncio passava na TV, e que o Porto estava bonito. Agora sim, não tínhamos arcaboiço para tanto sucesso, ao menos eles iriam ficar satisfeitos, e mais satisfeitos ficarão quando em pouco tempo, com o rumo que o Norte leva, tivermos efectivamente aquela cidade negra, cheia de índios, uma cidade seca, como há anos andam a apregoar.
Podem duvidar de que tenha pensado e dito isto no último evento, é legitimo que duvidem, principalmente os críticos, porque nesta crítica e noutras nota-se perfeitamente que não estiveram lá. Mas enfim, prossigamos nesta marcha desalinhada, cegos pelo partidarismo. Quando conseguirmos fazer do Norte um deserto, atribuem-nos as enxadas para a regionalização, e nessa altura deprimidos talvez recordemos, enquanto cavamos na areia, o tempo das Air Race e do Grande Prémio como pontos a atingir num novo futuro.
Cristina Santos