De: Cristina Santos - "Privatizem a transparência do Estado"
Antes de qualquer privatização gostava de ver uma regionalização, uma descentralização e distribuição equitativa da riqueza produzida.
Antes de privatizar apreciava ver esforços de combate à burocracia local, estudos sobre a eficiência, projectos.
Antes de privatizar gostava de ouvir os concidadãos pronunciarem-se, serem chamados à discussão.
Antes de privatizar gostava que a CMP apresentasse as contas do que recebeu para a referida infra-estrutura, quanto investiu, em que investiu e porque falhou.
Decidindo privatizar, quanto se lucra com isso? E o que é vai tocar aos accionistas nesse negócio?
Sim porque nós somos accionistas do Rivoli, dos SMAS da Gestão das Obras Municipais, do Metro, nós todos juntos somos os principais accionistas.
A CMP não pode simplesmente apresentar falência de um gabinete, tem que apresentar contas e ideias aos investidores.
Vai concessionar e a quem? Ao «Tio Adolfo» que por acaso até ajudou à dispersão aquosa de dividendos? E com o negócio vai receber o suficiente par subsidiar futuras actividades? Então não há lucro? É uma troca?
O Estado é o modo de ser ou de estar de algo ou de alguém, e nesta democracia o Estado é turvo, pérfido, fementido. Se o Estado fosse transparente todos viam através dele. Um Estado que esconde informação não é um parceiro leal, com que direito gere o nosso investimento, aliena-o sem nos devolver qualquer parte do investido, e ainda nos quer tapar os olhos dizendo que os dividendos vão ser novamente reinvestidos na mesma instituição que até agora não os soube gerir? E os nosso direitos enquanto herdeiros de património e investidores com taxas que podem atingir 40% do nosso rendimento?
Mais Transparência = menos sentimento de Estado. Se o Estado não se quisesse esconder do povo, não precisava de tantos funcionários públicos. Esperava de Rui Rio essa noção de rigor, o uso da transparência e não do escudo financeiro.
Mas como na sociedade empresarial global a lírica não faz sentido, espero que, para agradar ao nosso amigo Rui Valente, as nossas instituições não sejam privatizadas para Lisboa, para agradar à cidade em geral que a segregação em curso não resulte numa sala com permissão para espectáculos religiosos e sermões (dizem que este último fenómeno dá muito lucro) e, como nenhuma empresa é eterna, mais cedo ou mais tarde fecha ou passa actuações para maiores de 18, espero estar simplesmente triste pela perda de mais um bem por incapacidade produtiva.