De: Cristina Santos - "A Regionalização e o nosso sentido na Europa"
O objectivo da Regionalização é criar forças equivalentes, que ajam em paralelo à mesma distância do ponto principal, só assim se consegue o equilíbrio e não se lesa o país. Dividir o esforço, a distância, agindo paralelamente com projectos diferenciados conforme as potencialidades de cada zona, que convergem por último, para o sentido nacional.
À data, qualquer autarca responsável por uma autarquia do interior convirá facilmente que o sistema governativo actual tem minado as potencialidades das suas zonas, uma vez que não se adaptou aos requisitos da Europa em termos de Regionalização, e assim impossibilitou que estas zonas pudessem competir com os seus produtos e projectos num mercado globalizado. Essa falta de adaptação do território agravou a desertificação, o envelhecimento e tabelou a sobrevivência destes municípios por 20 anos no máximo, pois não há neles qualquer hipótese de renovação populacional. Na maioria dos municípios do interior, ainda que tenham investido em multiusos e espaços de eventos, os seus maiores investimentos estão em lares e serviços a idosos, serviços estes que estarão esgotados em 20 anos. Zonas produtivas, escolas, serviços públicos básicos, têm sido encerrados continuamente, por falta de população.
Em termos comuns e populares podem já verificar-se danos gravíssimos dessa falta de organização. Atenda-se por exemplo ao aumento significativo da criminalidade nas zonas do interior, crimes de peso que têm ocorrido cada vez com mais frequência. Admiram-se que as pessoas no interior tenham armas, mas quando as não tem acabam roubados, assassinados, pois não há nas zonas estruturas públicas suficientes que garantam a segurança desta população e sobretudo não há gente para acudir no imediato. Acresce que a distância ao poder central gera uma espécie de promiscuidade e fixação de marginalidade e crime. O interior começa a tornar-se, pelo isolamento, uma área de eleição para células criminosas.
Noutra vertente, esta não divisão de território de acordo com a estratégia Europeia ocasiona que, outro exemplo, os lucros provenientes dos novos sectores de energia, que se instalam no interior e que beneficiam sobejamente da desertificação, não revertam justamente para estas zonas e regiões.
Quer pelas razões referidas, quer por tantas outras, quer apenas pelo raciocínio básico de que integrando-se Portugal na Europa deve seguir a sua estratégia, conclui-se que a aproximação das regiões, a divisão da distância face ao poder central, é a única solução. Se não for esta, também como toda a gente verifica, a manter-se a que existe vai arruinar qualquer hipótese de competitividade do nosso país, na Europa em que se integra.
Cristina Santos