De: Rui Valente - "A Casa do Livro"
A ideia da Arqª. Paula Morais, de transformar o pavilhão Rosa Mota num espaço dedicado ao livro (A Casa do Livro), onde poderiam ocorrer bibliotecas temáticas periódicas, é muito interessante, tendo em conta o local privilegiado onde se encontra, bastante apelativo à tranquilidade e à prática da leitura. Desse ponto de vista, parece-me mesmo estar melhor localizado do que a própria Biblioteca Pública Municipal do Porto, em S. Lázaro, hoje em dia antro de prostituição, sujidade e vadiagem. Resta saber se a rentabilidade de tal projecto suportaria os custos de manutenção (ainda que minimizados em relação ao Multiusos). Não sei se não seria de aproveitar a ideia para conjugar o tema do "livro" (por exemplo) com o tema da "arte" e articulá-los em simultâneo no mesmo espaço a fim de o tornar um pouco mais dinâmico e atractivo.
De qualquer forma, estou inteiramente de acordo com a ideia de acabar definitivamente naquele espaço com a festa da Queima das Fitas ou qualquer outro tipo de manifestações, onde a balbúrdia e o álcool são o "prato do dia" garantido.
O problema, nesta como em todas as obras pretensamente interessantes para o grande público, está sempre a jusante. Há sempre quem se prontifique a executá-las com ideias altamente arrojadas, mas depois de concluídas a frustração é quase sempre inevitável. Ora são os materiais seleccionados, ora são os acabamentos, fica sempre no ar uma imagem de inacabado, de mau gosto e de impreparação dos supostos responsáveis. Fica enfim a eterna imagem de que continuam a ser oferecidas "pérolas a porcos", ou seja, a ser dada a primazia aos oportunistas e aos incompetentes. Mas como quem manda pode, e eu não posso mandar em quem manda, fico-me pela constatação dos factos e pelo meu impotente comentário...
Rui Valente