De: José Ferraz Alves - "O Norte deve ser a Região Piloto"
Estive hoje presente na enésima sessão dedicada ao tema da Regionalização, esta organizada pelo Prof. Paulo Morais do Instituto de Estudos Eleitorais da Universidade Lusófona, com a presença do Eng.º Carlos Brito e a discussão do seu recente livro.
Lanço aqui esta causa, em que acredito, porque estamos em tempo de acção cívica e política e já não mais de congressos e seminários. Também quero aprender com as opiniões dos que por aqui passam. Já percebi que há alguns, por aqui, que se entendem donos, talvez por usucapião, de algumas causas, que são problemas e lutas de todos, não são sua propriedade. Até porque têm demonstrado incapacidade de obter resultados. E que há outros a favor de tudo, mas sempre à espera que apareça alguém a boicotar, não se vá de ter mesmo de assumir a responsabilidade do que se está a propor: “Sim, mas...”. Poucos se expõem, de facto, à responsabilidade do que propõem.
Em Abril de 2009, no âmbito das sessões “Olhares Cruzados sobre o Porto VI”, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, o Prof. António Nogueira Leite desafiou-nos “Deve-se dar a oportunidade ao Porto e à região Norte de serem 'região-piloto' num eventual cenário de regionalização", para quem a região Norte "pode servir de experimentação para, no futuro, ser possível exemplo" na implementação do processo no resto do país. Confessou-se, contudo, "pragmático" sobre um tema que considera "um pouco romântico". Os responsáveis presentes estranharam um eventual "presente envenenado". Eu não o entendi assim, mas até como a única oportunidade de evitar um referendo que tem metade da população a beneficiar da alargada Área Metropolitana de Lisboa ("sic" Eng.º Carlos Brito).
Ninguém lhe respondeu. Eu dou a minha opinião, aceito o repto e vamos trabalhar nele. Até porque é essencial para poder trabalhar em Euro-região com a Galiza, e com Castela e Leão, numa lógica de desenvolvimento do interior Norte. E, para isso, é necessário uma articulação com os movimentos de Bragança, Braga, Guimarães e Viana do Castelo.
Há quem no Alentejo e o Algarve também assuma este propósito. É bom haver competitividade e, ou muito me engano, ou vamos ter três regiões a querer este estatuto e pioneirismo, o que parece ser um bom indicador de ser uma cruzada a seguir. Se a região piloto não resultar, é porque a regionalização não era o nosso sonho, mas afinal a nossa ilusão, e há que encontrar outros modelos de organização e de gestão do país.
José Ferraz Alves