De: Rui Moreira - "António Alves e a lógica"
O António Alves precipita-se, por vezes, na sua opinião. Toma, assim, a nuvem por Juno. Compreenderá que eu não fui ouvido, nem tnha que ser, sobre a fusão entre a AIP e a AEP. Mas tenho uma opinião positiva sobre o desenlace, ainda que isso resulte numa sede em Lisboa onde já está a AIP, desde que a fusão permita que os serviços da AEP no Norte podem sobreviver por essa via.
Senão vejamos:
- Os dois países mais descentralizados da Europa têm, também eles, duas grandes confederações patronais. São eles a Alemanha e a Espanha. Ambas estão sediadas nas respectivas capitais, Berlim e Madrid. O que existe são representações autónomas nos vários Laender e nas várias autonomias, com funções específicas.
- Em Portugal, há muito que se clama pela união das várias associações patronais. Aliás, a divisão entre a CIP, a AIP e a AEP tem sido apontada como um sinal da incompetência e do individualismo dos empresários, que diminui a sua capacidade de intervenção.
- No caso da AEP, há muito que abdicou, por vontade própria e por iniciativa de Ludgero Marques, de ser uma associação de âmbito regional. Creio que esse sim, foi um tiro no pé. A AEP perdeu muito e ganhou pouco com a transformação de Associação Industrial Portuense em Associação Empresarial de Portugal, e desde então foi sempre o irmão siamês da Associação Industrial de Portugal.
- E sabe-se, além disso, que essa associação está com graves dificuldades financeiras, o que reduz a sua capacidade de independência face ao Estado e ao Governo. Por isso, a sua fusão com a AIP faz sentido, tanto mais que foi dada a garantia que a nova associação manterá todos os serviços existentes no Norte, nomeadamente a Exponor. Faz tanto mais sentido se, dessa forma, se evitar a perda de postos de trabalho, e se a internacionalização (que está a ser tentada em Angola e no Brasil) tiver por esta via maiores possibilidades.
- A nova confederação, que irá incluir também a CIP, será pois um parceiro social em que as associações sectoriais do Norte passarão a ter uma voz mais forte. É que a AEP nunca conseguiu esse estatuto, o que sempre limitou a sua influência. E, talvez nisso o António Alves concorde, seria bom que o Presidente fosse do Norte, mais particularmente das indústrias nortenhas. Um homem como Nunes de Almeida poderia fazer toda a diferença.
- Mas, o que é importante é que na medida em que essa cúpula empresarial ganha força através da união de esforços, continue a haver associações que não prescindem da sua função de lobby regional, como é o caso da AIMinho, cada vez mais pujante, e da Associação Comercial do Porto, que é também Câmara de Comércio e Indústria.