De: Raquel Pinheiro - "Há Muitos Anos e Tags"
De facto, José, há muitos anos que os com responsabilidades no Porto andam desligados da realidade. Obrigada pela sugestão. Isso foi o que eu fiz há mais de quinze anos. E para onde? Lisboa, pois então. Porquê? Porque o Porto estava como neste momento, estagnado, incapaz de se ajustar aos tempos. Voltei, há dois anos e meio, por razões de ordem particular. No entretanto a cidade pareceu ganhar novo fôlego. A Baixa agitou-se um bocadinho com a movida nocturna, que eu nunca achei ser o suficiente para alterar o estado das coisas. Começaram a aparecer mais turistas, etc. Agora ando a ponderar seriamente se Lisboa, ou qualquer cidade média/grande estrangeira não é novamente a solução. A ideia não me agrada. Preferia ficar por aqui. Mas cada vez mais amiúde dou por mim a perguntar: para quê ficar no Porto? E isso é péssimo. Significa que a cidade está, pela segunda vez, em vias de perder mais um habitante. Não só não serei caso único como, a continuar este estado de coisas, haverá muitos cada vez com menos vontade de regressar. Perde a cidade, perdemos todos os que cá vivem/ficarem.
Caro Nuno Carvalho, o Pollock não andava a pintar paredes a torto e a direito. Eu gosto bastante de street, lowbrow art e outros géneros de arte presentes em revistas como a Justapoz. Daí a defender que tudo o que é tag é válido ou deve ser permitido em qualquer canto vai uma grande distância. A possível qualidade de um tag ou graffiti e o ser-se a favor do tipo de local onde os mesmos são realizados não são uma e a mesma coisa. O Banksy foi elevado à categoria de artista genial. Tem obras muito boas outras nem tanto. Mas se ele fizesse pinturas nas paredes do edifico da Reitoria eu não concordava. E há uma diferença considerável entre graffiti e tags. A maioria das tags não passa, de facto, de sarrabiscos. Ou só porque é tag é, automaticamente, bom?