De: Alexandre Ferreira - "Traição"
Num tempo em que as questões do Metro do Porto e da gestão do Aeroporto ressuscitaram na consciência colectiva a necessidade para a Região de maior Autonomia no processo de decisão e nas entidades que a estruturam. Por isso é um choque e o derradeiro golpe de misericórdia a notícia que apareceu sorrateiramente esta tarde em vários órgãos de CS que a AEP e a AIP se irão fundir no início de 2010, com o cenário esperado de transformação do Porto em delegação e a concentração em Lisboa dos serviços.
Tenho de dizer pessoalmente, e este sentimento é partilhado por muitos, que estamos a assistir a um acto de traição à Região e a uma memória de 160 anos, em que a Associação foi um motor de independência e desenvolvimento, como se vê na Exposição que deu lugar à construção do Palácio de Cristal, e da construção da Exponor e do Europarque. Ainda mais absurda é esta situação quando esta decisão desastrosa, um erro histórico pelo qual os culpados irão ficar marcados, tenha sucedido na presidência do Dr. José António Barros, que se tinha distinguido até agora pela compreensão clara que neste país o plano está inclinado sempre para o mesmo buraco.
A estupefacção atinge valores inéditos quando me relembro a discussão pública que teve lugar no Clube Literário do Porto, no qual o Dr. José António Barros, Presidente da Associação de Amigos do Coliseu e da AEP, explicou que o motivo que o fez avançar neste processo foi de impedir que o Palácio Rosa Mota ficasse com gestão exclusiva da Parque Expo e se tornasse numa dependência do Pavilhão Atlântico. No seguimento deste discurso e para realçar a importância da transformação do Palácio em Centro de Congressos (com o qual concordo), o Dr. José António Barros relembrou alguns dos motivos pelo qual o Porto e a Região Norte perderam protagonismo económico: transferência dos Bancos para Lisboa, dependência do Poder Central para o mais pequeno assunto, falta de Autonomia em questões centrais como o Aeroporto, a transferência do AICEP e da API para Lisboa.
Por este motivos e por essa noção da história dos últimos 20 anos, afigura-se inacreditável o entregar de mão-beijada uma das últimas instituições com autonomia e meios suficientes para em volta da qual se poder reconstruir a Região. Portanto seria também importante explicar o seguinte:
- - Os serviços da AEP vão-se manter em termos de valências e capacidade de resposta?
- - Irão-se manter os funcionários da AEP?
Ainda mais importante:
- - Tornar-se-á a EXPONOR uma dependência da FIL?
- - Assistiremos ao desaparecimento e menorização progressiva da EXPONOR como parque de exposições e gerador de emprego e movimento económico?
- -Deixará de haver exposições na EXPONOR?
- - Teremos a comandar os destinos nosso Palácio de Cristal um consórcio de empresas de LISBOA?
É por estes motivos que aquilo a que estamos a assistir hoje de uma forma consumada é uma das maiores traições jamais efectuadas ao Porto e à Região Norte, com protagonistas que irão ser lembrados por este acto, de consequências tão graves que sugiro recuarem enquanto podem, pois isto é uma acto que irá ter consequências gravíssimas para a Região e seus habitantes, mas que ao contrário de outras alturas poderão dar nome e data a um evento desta magnitude.