De: F. Rocha Antunes - "Poças Martins no Urbanismo"

Submetido por taf em Quarta, 2009-10-14 11:32

Meus Caros

Segundo a notícia de hoje do Público a reorganização do urbanismo vai mesmo ser a sério: criação de uma empresa municipal de gestão urbanística, como recomendam as melhores práticas nesta matéria, com a entrega da gestão a um profissional de méritos firmados na praça. Acho que pode ser uma solução muito interessante porque permite ultrapassar os bloqueios resultantes de uma estrutura que já demonstrou ter esgotado a sua capacidade de resolução das grandes questões da gestão urbanística da cidade. A indicação de Gonçalo Gonçalves para o Urbanismo e de Poças Martins como responsável, na prática, pela nova empresa de gestão urbanística é uma boa solução no contexto das limitações que a lista de vereadores apresentava depois da exclusão de Lino Ferreira.

A escolha de Poças Martins é uma boa escolha porque permite dar o salto qualitativo que o urbanismo da Câmara precisa. Lino Ferreira conseguiu pacificar e pôr a máquina a funcionar, mas a máquina não dá mais do que isto e a cidade precisa de bem mais: gerir a criação de vinte e tal UOPG’s previstas no PDM, melhorar a transparência e sistematizar as discussões públicas não era possível sem esse salto qualitativo. O trabalho feito por Poças Martins nas Águas do Porto demonstra o que pode ser feito quando se dá esse salto.

A nomeação de Gonçalo Gonçalves como vereador do Urbanismo parece-me correcta por ser um bom elemento de articulação entre o Presidente e a nova empresa. Tem um dinamismo inquestionável, mas não tem a capacidade de assumir sozinho uma pasta tão complexa como o Urbanismo. Reconhecer as qualidades e limitações dos membros de uma equipa é sinal de lucidez e aqui Rui Rio marca pontos onde eu confesso que não esperava. Agora vamos assistir ao discurso do costume: a privatização da gestão autárquica, a inaceitável discrepância de salários e remunerações, e todas as outras manifestações de quem vai tentar bombardear, pelas razões erradas, esta opção. Desde que Paulo Macedo foi Director Geral dos Impostos que ficou demonstrado que vale a pena pagar bem para ter quadros que permitam dar o salto qualitativo que as estruturas do funcionalismo público não conseguem dar. Pena não ter sido feito o mesmo noutras ocasiões em que se perderam quadros qualificados por não se resistir ao populismo da comparação dos ordenados.

Se conseguirmos uma gestão urbanística qualificada, uma transparência acrescida nos processos e a resolução de todos os imbróglios que minam a confiança dos investidores no Porto vale a pena a inovação. Bom começo do terceiro mandato, sem dúvida.

Francisco Rocha Antunes
Gestor de Promoção Imobiliária