De: Maria Augusta Dionísio - "Para quê demolir o Aleixo, nem os taxistas lá querem ir,..."
"... deixem lá estar as pessoas entregues e subjugadas."
Se me permitem, finalmente percebo a razão que justifica a demolição do Aleixo: os grandes culpados são os taxistas que não querem cá vir. Mas a sério, fico sempre intrigada quando deparo com a ingenuidade de certas pessoas que nos acham subjugados e que Rui Rio será o grande libertador deste povo oprimido que aqui vive. Ouvir este argumento a Rui Rio até entendo porque, afinal, aquilo que ele não quer é explicar coisas tão simples como a razão porque não divulga o contrato com o BES; ou o motivo que o leva a entregar a este consórcio financeiro mais património da cidade. Não sou economista, mas sei fazer contas e leio. Aconselho a leitura de alguns artigos de opinião já publicados pelo paladino da moral anti-corrupção, Paulo Morais. A este respeito, apesar de tudo ele próprio já disse algumas coisas bem importantes:
- 1º) troca-se o tráfico de droga pelo tráfico dos terrenos;
- 2º) entrega-se o ouro ao bandido;
- 3º) (mesmo discordando) entrega-se ao BES um terreno que vale 50 milhões, quando realojar os moradores custaria muito menos.
Aliás, pensemos neste terceiro ponto. O BES já anunciou que gastará 19 milhões em toda a operação. Demolir, recuperar as casas na Baixa e entregar à Câmara 302 casas (que podem ser muito bem casas existentes no mercado imobiliário que não se vendem ou que foram penhoradas pelo incumprimento dos empréstimos - de resto foi esta a razão, na minha opinião, que o fez adiar esta negociata. Quando as "Cristinas Santos" desta cidade souberem que vão ter os traficantes, criminosos e marginais do Aleixo como vizinhos vão agradecer ao Presidente Rui Rio). O terreno vale 50 milhões. Logo à partida, só o terreno cobre estas despesas e dá lucro. Depois, sem Aleixo, constrói-se um grande condomínio de luxo a 3.000 euros o metro quadrado e ganha-se mais um milhões. Grande negócio à custa da cidade. Como diz Teixeira Lopes estes são os subsidio-dependentes que me afligem, não os que recebem o rendimento mínimo.
Maria Augusta Dionísio