De: António Alves - "Pequenos comerciantes: tremei!"
Eu, se fosse pequeno comerciante – classe que muito tem sustentado as vitórias eleitorais de Rui Rio -, não teria dormido esta noite e ainda hoje tremeria de terror. O nosso edil brindou-nos ontem com uma pérola da sua refinada ignorância: segundo ele, ironizando com “uns intelectuais que aí andam”, a teoria do “donut” não tem pés nem cabeça. O facto da cidade perder habitantes todos os dias não tem problema nenhum: afinal ainda é o grande centro de emprego (cada vez menos) onde todos os dias cerca de 1 milhão de pessoas vive. Pois, mas sem gente que cá durma todo o comércio de proximidade definhará, as ruas desertas e cheias de casas abandonadas tornam-se inseguras, a cidade fica feia e suja, sem vida. Tudo coisas que aumentarão o seu índice de rejeição e diminuirão a auto-estima dos residentes que restam. Com o tempo também os empregos diminuirão (já começaram a diminuir) porque a sua atractividade, negativamente correlacionada com o aumento do índice de rejeição, diminuirá. É um círculo vicioso principalmente numa cidade de facto que não tem um governo único que possa colmatar este problema e vive numa lógica de divisionismo e concorrência cega.
Se Rui Rio voltar a vencer, o que é muito provável, é sinal que a cidade enveredou por uma lógica suicidária e sinal de pouca saúde psicológica. O melhor será também sair. Migrar para sítios mais arejados e mais futuro. Todos temos direito a escolher aquilo que consideramos o melhor para nós e para os nossos.