De: João Medina - "O Campus da Justiça – uma má notícia?"
Foi nesta semana apresentado o “Campus da Justiça” do Porto (notícia JN). A notícia foi apresentada como muito positiva pelo Ministério da Justiça. No entanto, creio que existem alguns pontos que a fazem bastante negativa para a Cidade e que devem ser denunciados:
1 – O “efeito Campus“
Os “Campus” são resultado de uma política antiquada dos chamados “zonamentos monofuncionais”. O facto de se concentrar apenas uma actividade numa zona específica tem normalmente consequências negativas para o funcionamento da Cidade. O Campus da Justiça será seguramente um deserto a partir do fim da tarde e será seguramente (mais um) gerador de trânsito nas horas de ponta, nas deslocações casa-trabalho.
2 – A desertificação
Outra consequência deste campus é o encerramento de inúmeros serviços disseminados pela cidade. Entre rescisões de arrendamento e alienações somam-se cerca de 40 imóveis a abandonar, muitos deles em plena Baixa e Centro Histórico. Ver figuras:
Entre trabalhadores e frequentadores destes serviços, vai-se esvaziar a Cidade, com consequências seguramente negativas para os comerciantes destes locais. Também aqui, o Porto já tinha aprendido com a experiência da retirada de milhares de alunos das faculdades do centro para o Pólo da Asprela.
3 - A área verde
A área de implantação do “Campus” situa-se numa das maiores zonas verdes contínuas do centro da Cidade (ver imagem do Google – cerca de 5 hectares?).
Esta zona verde vai desaparecer e ser completamente ocupada por 7 edifícios, de acordo com a planta que também aqui apresento:
Será esta a ocupação indicada para um terreno Público, numa cidade com tanta falta de área verde por habitante (indicador onde estamos longe de qualquer valor aconselhável)? Creio que os Portuenses preferiam outro uso.
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Nota de TAF: sobre este assunto, eis alguns comentários já aqui escritos no blog em Abril 2006, em Julho de 2007 e em Agosto de 2007.