De: José Ferraz Alves - "O namoro a 40 Km/hora nas estradas do Douro…"

Submetido por taf em Quinta, 2009-08-06 13:34

Carta Aberta ao Sr. Eng.º Ricardo Magalhães

Dou-lhe os parabéns pelo projecto de transformação do troço rodoviário entre Resende, Lamego, Pinhão e São João da Pesqueira num local de reflexão onde seja possível “encontrar recantos para namorar, pensar na vida e tirar partido da paisagem” e com o limite de 40km/h para que “todos pudessem encher a alma”. Também senti o mesmo, na semana passada, quando por lá passei com destino a Vila Nova de Foz Côa, para assistir à sessão de apresentação do PROVERE para o Turismo e Património no Vale do Côa. E, no regresso, quando decidi regressar ao Porto pela A25 amaldiçoei cada km que me afastava da possibilidade de o ter feito pela mesma estrada. Senti uma verdadeira traição, que não repetirei.

Deixou em aberto o alargamento deste projecto a outras vias “também de elevadíssimo valor cénico”. Referiu o caso das estradas que derivam do Pinhão para Alijó e Sabrosa, uma “iniciativa que vai potenciar as oportunidades turísticas da região e emocionar o mais empedernido dos homens, tal é a beleza e o valor cénico das paisagens do Douro”. É bom termos responsáveis com este coração. Entretanto, eu tenho andado pelo Vale do Tua e pela sua linha ferroviária e pareceu-me escutar dela estas palavras de Rodrigo Leão em “Vida tão estranha”:

“são de veludo as palavras, daquele que finge que ama, ao desengano levo a vida, a sorte a mim já não me chama. Vida tão só, vida tão estranha, meu coração tão mal-tratado. Já nem chorar me traz consolo, resta-me só o triste fado…”

Entre muitos, eu peço-lhe o favor de visualizar este site fotográfico sobre o Vale do Tua. Como nisto do coração mais valem poucas palavras, sabe, Sr. Eng.º Ricardo Magalhães, ainda tenho o sonho de o ver em Mirandela, junto do Dr. José Silvano, a apresentar o projecto da CCDRN para a requalificação da linha ferroviária entre a Foz do Tua e Puebla de Sanábria, para serviço público às populações que ainda por lá consigam subsistir e sobretudo para o acolhimento dos corações empedernidos deste país, que decidem coisas à distância de 400 Kms.

Com os melhores cumprimentos,
José Ferraz Alves
Associação de Cidadãos do Porto
Rede Norte