De: SSRU - "O concurso do Mercado de Ferreira Borges"
Caro Paulo Ponte, as afirmações que produzimos e envolvem o Hard Club inserem-se correctamente num determinado contexto - a bandeira intocável do concurso público que tudo justifica - e que facilmente se desmonta. Não esperamos que o Paulo confirme o que dissemos, mas estamos convictos que se passou como relatado. Nota-se até que interessa a mais pessoas que as posições e dados lançados à discussão sejam sucessivamente "desgarrados" dos contextos, porque muita gente se anda a queixar disso, aqui n'A Baixa do Porto. As alusões feitas ao concurso, ganho pela empresa que representa o Club, em nada o afectam uma vez que não é o autor dos factos, apenas participa deles. Pretenderam essas referências ser satíricas, não tanto condescendentes ou simpáticas, mas nunca desrespeitosas, razões pelas quais lamentamos que tenha decidido entender dessa maneira.
Queremos acreditar que não foi o Paulo que comprou os restantes programas do concurso, para disfarçar, mas sabemos que esse é um procedimento corrente e provavelmente legal. Acreditamos ainda que o Paulo não contratou mais nenhuma equipa projectista para elaborar outro estudo para o Mercado, que "depois de muitas horas sem dormir" e provavelmente com um projecto melhor do que este que ganhou, por alguma razão acabou por não entregar. Não o fez, mas poderia ter feito e com isso diminuía o risco de perder para outros concorrentes. O que até parece legal e acontece mais vezes do que julgamos todos. Outra modalidade habitual é a "lista curta" de empresas. Trata-se da apresentação a concurso de várias, 5 ou 6 empresas da mesma área de negócio, com boas relações entre elas, que se revezam de concurso em concurso, onde uma lidera e as restantes, em conluio, apresentam factores de decisão minoráveis como por exemplo o preço pior, ou piores contrapartidas, etc. O que já não parece tão legal. No caso concreto não foi isto que se passou, porque o caderno de encargos provavelmente foi muito bem trabalhado e específico, tal como os restantes concursos que referimos.
Esperávamos da recente alteração da legislação que este tipo de situações, pelo menos, diminuísse, mas não é isso que constatamos.
Quanto à nossa avaliação, queremos dizer-lhe que o conceito tem tudo para ser bem sucedido e tornar-se uma verdadeira âncora (como a SRU gosta de dizer) para o Centro Histórico e para a Cidade do Porto. As condições da envolvente são as ideais: estacionamento bem perto, as forças de segurança ao descer das escadas, uma praça pública como grande "foyer" e um edifício histórico para enquadrar os melhores espectáculos. Relativamente ao projecto, consideramos que ele é bom (para um trabalho de fim de curso da faculdade) mas que se calhar conseguiria melhor. A Cidade precisa naquele local de um espaço polivalente e isso deve ter sido uma das exigência do programa. A resposta deste projecto fica bem aquém, uma vez que propõe que o espaço para exposição seja em meros corredores, os mesmos que os utentes dos estúdios e dos auditórios terão de partilhar enquanto aguardam para entrar, o que é um erro grave. Quanto àquela empena do edifício vizinho...?
Mas acreditamos no vosso sucesso e que a equipa da SSRU em breve não precisará atravessar o rio para assistir a excelentes espectáculos, como o dos Goldfrapp ou Zero 7, entre tantos outros em que esteve lá a cerrar fileiras. Obrigados Paulo e abraços ao Kalu e ao Pedro.
da equipa SSRU.
"no fundo, nós somos todos fadistas: do que gostamos é de vinhaça e viola e bordoada, e viva lá sô compadre (acerca dos portugueses)"
José Maria Eça de Quieroz (desde 1845) - em "Os Maias", Livro I, capítulo X
"É preciso viver, viver como homem comum entre homens comuns. Só um homem comum pode fazer grandes coisas."
António Lobo Antunes (desde 1942) - Courrier Internacional, 01.2007
"O direito de expressão é o princípio e o fim de toda a arte."
Johann Wolfgang von Goethe (desde 1749)
"Temos dificuldade em lembrar o nome dos maus autarcas da Cidade, como aquele que mandou demolir o Palácio de Cristal. Com facilidade lembramos os restantes, mesmo quando o foram por tão puco tempo (como é o caso do Eng.º Paulo Vallada)"
Sociedade Secreta de Reabilitação Urbana (desde 14 de Julho de 2008)
P.S. - Ainda escrevemos mais umas coisas (feias) sobre esta intervenção, que poderão ler aqui.
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Nota de TAF: Cara SSRU, sendo o concurso aberto e o caderno de encargos disponível, nenhuma dessas "tácticas de guerrilha" referidas (que aliás me parecem inúteis, uma vez que a legalidade do processo não estava em causa) impediria o aparecimento de outros concorrentes com propostas melhores ou piores. O facto é que não apareceram.