De: Correia de Araújo - "A árvore e a floresta... dois exemplos!"
Caro JPV
1. Antes de mais não quero crer que o "Correio de Araújo", em vez do Correia de Araújo, tenha sido intencional... dada a forma elevada, correcta e sempre cortês como aqui explana os seus pontos de vista. Passando à sua resposta, ela contém uma generalização perigosa. Diz que a partir de agora fica a saber que eu "apoio tudo o que se construa mesmo que seja ilegal". Vamos lá ver! O JPV denunciou, por sua iniciativa, o imbróglio Bom-Sucesso. Agora denuncia este caso porque foi publicitado a propósito das árvores... e zás! O JPV com o seu olho de raio-x passou logo à lupa e a pente fino este edifício. Confesso que me parece algo inquisitório! Parece-me também estar a ver apenas a árvore e não a floresta!
Penso que terá conhecimento de que se cometem ilegalidades todos os dias, em número significativo. Não desconhecerá também que há muita construção de legalidade duvidosa... ou será que na cidade do Porto só teremos estes dois casos? Pois bem! Se não denunciar todos os casos de irregularidades que conhece, e devem ser largas dezenas ou centenas, então devo concluir, generalizando, que "V. apoia tudo o que se construa mesmo que seja ilegal".
2. O Nuno Quental, que aqui também escreve sempre com muita educação, elegantemente chamou-me "bairrista". Gostei! Já não iria apreciar tanto se me apelidassem de provinciano. Eu, que até nasci na freguesia da Sé, na velhinha Ordem do Terço, adoro que me chamem bairrista... tripeiro, portuense e portista (não confundir com pórtista... apoiante de Paulo Portas).
Pois bem, também o Nuno Quental me acusa de reduzir a discussão ao Porto, de não lhe dar a necessária dimensão regional/metropolitana, por exemplo, a propósito da construção de um centro de congressos no Porto. Meu caro Nuno, eu estou a escrever no blogue A Baixa do Porto, daí reduzir tanto a minha intervenção. Porém, quem defende uma intervenção mais alargada, a um nível regional ou metropolitano, não pode nem deve deter-se exclusivamente nos jardins do Palácio de Cristal. Pergunto: como estão neste momento a ser tratadas as árvores e alguns jardins na Maia, em Gondomar, em Matosinhos ou em Espinho? Sabe-me dizer alguma coisa? Por exemplo, neste momento está a processar-se em Espinho uma requalificação do recinto da feira semanal e, para tanto, procedeu-se já ao abate de um número significativo de árvores. Ainda neste concelho, igual destino para algumas árvores na requalificação do Parque João de Deus (é certo de que neste caso se trata de um projecto de Sidónio Pardal... o que, quase sempre, é garantia de qualidade). Pergunto, em nome da abrangência regional e metropolitana: sabe-me dizer alguma coisa acerca disto?
Voltando ao Porto, só ao Porto: o que fez, meu caro Nuno, para evitar a destruição dos jardins na Avenida dos Aliados? Enfim, aqui mais uma vez me parece que só se vê a árvore esquecendo-se a floresta... ou como um campo aberto se pode transformar facilmente num campo fechado.
Correia de Araújo