De: Soares da Luz - "Movimento para defesa do jardim do Palácio"

Submetido por taf em Sábado, 2009-07-25 23:47

MANIFESTO EM DEFESA DO JARDIM DO PALÁCIO DE CRISTAL

Os jardins do Palácio de Cristal são alvo de mais uma investida autocrática da Câmara do Porto. A construção de um centro de congressos e reuniões empresariais nos jardins do Palácio de Cristal, com a construção de novos edifícios para reuniões empresariais e restauração, no sítio do lago e arborização envolvente, com a colocação de maquinaria para o ar condicionado no jardim e a adaptação da alameda nascente para acesso de transportes pesados, constitui uma iniciativa claramente desqualificadora daquele importante espaço verde e do equipamento público desportivo e cultural da cidade.

A importância daquela parte do jardim e do lago é enorme do ponto de vista da flora e da fauna, com elementos arbóreos antigos e raros bem como peixes e aves, que constituem uma realidade quase única na cidade em termos de espaço público. A actividade de serviços de terciário superior, como os congressos e as reuniões empresariais, não pode ser feita à custa da ocupação de espaços verdes e de equipamentos, exactamente para salvaguardar a qualidade e tranquilidade inerentes àqueles locais face aos impactos negativos que outras actividades forçosamente trariam.

Com a iniciativa camarária e sua aprovação em Assembleia Municipal, sem prévia consulta aos cidadãos através de inquéritos aos utentes e cidadãos em geral em que se poderia avaliar da correcção das políticas face aos interesses dos cidadãos, constitui mais uma decisão que menoriza a democracia, por ignorar que a partilha das decisões é fundamental quando se trata de transformar a cidade em termos estruturantes. Também o modelo económico envolvido – o das famigeradas parcerias público-privadas - com a entrega a privados dos dinheiros do QREN, que bem melhor seriam utilizados em instituições sem fins lucrativos ligadas ao desporto e à cultura, em que a autarquia se desvincula durante dezenas de anos da responsabilidade de gerir o que é propriedade pública, desponibilizando para o efeito a maior fatia de capital (80% cerca de 14 milhões de euros) e ficando com uma participação de apenas 20%, constitui em si mesmo uma demonstração de irresponsabilidade, alheamento e desinteresse pelo bem público que se torna incompreensível.

A história de exemplos infelizes na gestão camarária, em que a participação pública é ignorada e pura e simplesmente trocada pelos negócios, já vai longa: Coliseu, Palácio do Freixo, Mercado do Bolhão, Mercado Ferreira Borges, Mercado do Bom Sucesso e Avenida dos Aliados.

Basta. É tempo de uma nova luta contra o poder autárquico autocrático da cidade.
Acreditamos que a ganância e a irresponsabilidade podem ser vencidas.
Acreditamos que os jardins do Palácio de Cristal podem ser conservados e conquistados pelos cidadãos.
Organizemo-nos num movimento de cidadãos em defesa dos jardins do Palácio de Cristal e da democracia participativa na gestão da cidade.

Movimento em Defesa do Jardim do Palácio Cristal

Soares da Luz – Membro do Movimento Defesa do Jardim do Palácio
(Antonio Joaquim Soares da Luz - 919920374)