De: José Ferraz Alves - "As barreiras que se colocam às pessoas"

Submetido por taf em Sábado, 2009-07-18 18:32

Reporto-me ao artigo do JN “Rui Rio acusa Ana Paula Vitorino de não ter princípios”.

Está-me claro que é mais fácil ser cidadão do que responsável político. É suposto que políticos em campanha se agridam e provoquem? Então, preferirei sempre ser cidadão e apostar em projectos como a Rede Norte. E também prefiro, em relação a estes temas de nomeações de pessoas para cargos políticos e orçamentos, que me falem sobre outras questões que me parecem mais importantes. Muito mais quando o que está em causa é a mobilidade das pessoas.

Fala-se muito sobre cidades, revitalização de centros urbanos, integração disto e daquilo. Eu sou muito mais comezinho. Fica tão caro ir até à Baixa do Porto! Quando levo o carro, fica-me mais caro pagar o estacionamento do que o almoço. Mas, quando opto pelo metro, e eu sou dos que ainda não conseguiu entender qual o custo do bilhete que deverei pagar pela viagem que pretendo, porque não posso, pese embora tenha telemóvel com ligação à internet fazer um estudo prévio no site do Metro do Porto, como me foi sugerido. Eu quero é rapidez, porque a vida é tão bonita e para se aproveitar, não tenho disponibilidade para tal. E, então, compro o bilhete. Nunca me ficou por menos de 2,35 euros. E comecei a pensar, isto numa família de 4 pessoas, são quase 10 euros. É melhor levar o carro pelo que compreendo o arriscar um estacionamento longe das rusgas policiais em defesa de um espaço mais seguro nas cidades...

Já há muito que reparei que é caro viver. Mas com que direito se colocam estas amarras às pessoas? Uma família ter de gastar 10 euros (porque o estacionamento fica pelo mesmo) para ir ver o que é seu, a sua cidade, os seus monumentos, o seu rio? Com que direito é que se faz isso? A minha proposta é bem mais simples. Metro a zero euros no fim de semana e fiscais do metro a auxiliar pessoas como eu, mais lentas de compreensão, a decifrar o seu esquema de preços.

Eu acho que há medidas que se tomam cujos resultados, mesmo em termos financeiros, surgirão inevitavelmente. Se se quiser ter uma visão mais larga. Horizontes mais esclarecidos. Isto é, se mais pessoas chegarem à Baixa, provavelmente mais lojas terão interesse em estar abertas e estas terão de pagar impostos como o IMI. Que também pode ser aumentado ou diminuído consoante a oportunidade e necessidade de cada momento. O que me parece mais importante para responsáveis políticos se debruçarem é qual o modelo de funcionamento e de consolidação das diversas empresas municipais que servem os cidadãos. Isto é, eu posso ter um Metro do Porto ou uns STCP a darem prejuízo e uma arrecadação fiscal municipal que o compense, pelo que o resultado final pode ser bem melhor do que manter as suas contas numa lógica estanque sem a preocupação de contributo para um todo global. Metro a zero euros irá permitir maiores ganhos financeiros para as autarquias. A sério, vão ver...

A lógica empresarial privada, de holdings, com as ramificações por subholdings sectoriais, é isso mesmo, privada. E, mesmo a esse nível, há efeitos de arrastamento de umas áreas para as outras, e daí as contas consolidadas. Também ao nível autárquico o que interessa são as contas consolidadas, desde que percebido, numa lógica interna, qual o contributo, e o porquê, de cada uma das partes. E se tenha uma estratégia.

José Ferraz Alves
ACdP
Rede Norte