De: Abílio Guimarães - "Gaia: Socorro"

Submetido por taf em Sexta, 2009-07-17 23:55

BEIRA RIO SEMPRE

A todos aqueles que nos visitam para desfrutarem da excelente paisagem que o RIO DOURO proporciona e que aproveitam para assistirem à PROCISSÃO DE SANTA MARINHA, damos as boas vindas, desfrutem do espectáculo…. mas também queremos dar-vos a conhecer a realidade, porque não somos apenas parte de um bilhete postal, somos gente real que está a desaparecer aos poucos em troca de uma modernidade que aniquila e desrespeita o bem mais precioso de uma terra que são as suas gentes…

Nós moradores e comerciantes, tristes e enganados por quem quase diariamente afirma na comunicação social do apoio ao cidadão, com medidas e acções que visam essencialmente o bem estar e o desenvolvimento social das populações, bem como, e ao que nos diz respeito mais directamente, à reconversão urbanística da zona crítica do CENTRO HISTÓRICO. Sentimo-nos enganados com esta política de abandono que escudada na melhoria de condições de habitabilidade deu lugar a uma das maiores “deportações” de habitantes de um CENTRO HISTÓRICO PARA BAIRROS SOCIAIS (autênticos focos de instabilidade social, como se tem verificado ultimamente…). Durante todo este espaço temporal nenhuma família foi realojada aqui no C. H. e com certeza nunca o irá ser.

Chegou-se ao cúmulo da prepotência ou vaidade (porque é moda e dá perfil ter gabinetes nesta zona?) de se desalojar duas famílias num prédio propriedade da CÂMARA sito na rua GUILHERME GOMES FERNANDES, para ali ser instalado um departamento da CÂMARA MUNICIPAL e tendo a Edilidade um prédio na RUA CÂNDIDO DOS REIS restaurado de raiz (prédio da TUNA) totalmente desabitado preferiu realojar essas famílias em bairros sociais. Interrogamo-nos que política é esta de habitação de apoio às comunidades locais. Quase que afirmamos que nos querem aniquilar, expulsar, deportar, hostilizar ou, seja que forma de adjectivar tal aberração, simples e directo: GRUPOS ECONÓMICO E ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA.

Com toda esta desertificação, o COMÉRCIO tradicional e local ressentiu-se e entrou em crise, as colectividades deixaram de ter associados, o que era um local, uma terra pejada de gente, onde se sentia alegria de viver deu lugar a um sítio amorfo que de vez em quando arrebita por este ou aquele evento (não nos referimos ao super-acarinhado local privado denominado “Cais de Gaia”, mas até aí se sente a crise… porque não animação da Ponte até ao Estaleiro?).

As medidas de esvaziamento continuam. Há uns meses atrás foi a transferência do funcional posto dos CTT da RUA CÂNDIDO DOS REIS, sítio com mais vivência da zona, para o minúsculo gabinete no Convento e, para culminar, a aberrante ideia de pseudo-restringir o acesso ao miolo do CH. Pseudo porque só vai restringir a passagem de todos aqueles ex-moradores que aqui continuam a socializar–se, aos familiares que cá vêm visitar os seus pais, avós e irmãos, e também a todos aqueles que recorrem ao já de si debilitado comércio: (FARMÁCIA - MERCEARIAS - AGÊNCIAS FUNERÁRIAS - DROGARIAS - CAFÉS - COLECTIVIDADES - ETC, ETC.) Questionamos o porquê destas medidas, alegam que é para normalizar o trânsito quando o que é necessário é fiscalização. Refutamos a questão da insegurança pois esta terra é das mais seguras do PAÍS… Algo deve estar por trás destas medidas e sopra-nos uma ligeira “BRISA” de certezas… E agora para culminar a farmácia vai para o CAIS DE GAIA???

Até as tradições das festas estão a ser monopolizadas pela CÂMARA MUNICIPAL, sendo se calhar a FESTA DE SANTA MARINHA que tem como organizador a PRÓPRIA CÂMARA DE GAIA. Que apresenta um cartaz de festa simplesmente ridículo, uma festa sem divertimentos? Por favor vão-se embora daqui, estão a mais, a revolta começa a ser grande, os casos de instabilidade social podem surgir e os únicos culpados são a Câmara de Gaia sob o olhar complacente da junta de freguesia. São falsos pagadores de promessas. O Vice–Presidente não tem a noção do que foi esta terra pois se tivesse nunca teria afirmado a um jornal que não estava muito preocupado com o realojamento no C.H. porque este nunca teria sido densamente povoado - simplesmente ridículo. O VEREADOR DO DESPORTO com pompa e circunstância anunciou que se iria dar início a construção do tão prometido pavilhão desportivo da Escola EB 2/3 SANTA MARINHA, até - pasme-se - anunciou a construção do maior complexo de ténis do PAÍS (quando a esmola é grande o pobre desconfia…). Mais uma vez os nossos filhos, netos e jovens vão sentir na pele a desigualdade na prática desportiva na escola, e mesmo localmente é nula a actividade desportiva orientada para os jovens. Podendo se salientar negativamente “o elefante branco” que é o denominado centro “zé micha” a cargo da Junta de Freguesia mas sem um projecto de dinamização e ocupação desse espaço que o torna vazio de interesse para a população…

Não estamos contra o investimento dos grupos económicos, não estamos contra o desenvolvimento, queremos é crescer com ele. Queremos que todos aqueles que têm trabalho precário e sazonal sejam absorvidos pelos postos de trabalho que têm sido anunciados. Por tudo acima referido e muitas mais situações dizemos BASTA… porque amamos a nossa TERRA E ACREDITEM VAI SER DIFÍCIL DE NOS TIRAREM DE CÁ. Até o nome nos tiraram de “BEIRA RIO” para “CAIS DE GAIA”… MAS NÃO NOS TIRAM A ALMA.

Acreditamos no diálogo porque é a base do entendimento.
Esperamos resposta.

BEIRA-RIO, 18 DE JULHO DE 2009
A Comissão de Moradores
Abílio Guimarães, Ramiro Baldaia, Rocha Pais, Paulo Moreira, Rui Matos