De: Rui Encarnação - "Os Cómicos"
O Dr. Rio, seguro pela sondagem que arrasa Elisa Ferreira, volta a mostrar as suas facetas habituais, profundamente democráticas, dialogantes, participativas e, acima de tudo, norteadas pelo respeito pelos outros e pelas opiniões dos outros. Para além do maravilhoso “rabinho entre as pernas”, o Dr. Rio brinda a populaça da urbe com maravilhosos nacos de prosa, quer ao moderno jeito do twitter, quer no já mais tradicional estilo do pasquim, isto é, do site da CMP.
“Ao longo do Circuito da Boavista estiveram no fim de semana mais de 100.000 pessoas. Há jornais que não escreveram uma linha sobre o evento” escreve-se no seu twitter, acrescentadas de outros lamentos e lamúrias do senhor a propósito de achar ele que o Porto não está parado e, ainda desta maravilhosa tirada: “O Circuito da Boavista iniciou-se em 1931. Parou em 1933. Voltou entre 1950 e 1960. E foi relançado em 2005. É uma forte marca do Porto”...
E depois vai ao pasquim internético, vulgo site da CMP, afirmar que o Director da RTP, JA Carvalho, enganou deputados, que “perde noção do ridículo em audição parlamentar", mas sem se esquecer de voltar a exibir uma colecção de crónicas do jornalista Luís Costa por quem o Dr. Rio cultiva um particular apreço (já não bastavam as criselefantinas e agora ainda vamos ter uma exposição no átrio da CMP das crónicas dos jornalistas detractores do Dr. Rio...).
O Dr. Rio, surpreende-me, sinceramente. Revela agora, ao fim destes anos todos, tantos que quase não se conseguem contar, um sentido de humor refinadíssimo, ultrapassando de longe o (não)sentido, o nonsense, a capacidade de distorção da realidade dos lusos Gato Fedorento ou até dos Monty Phyton (Não, não! Não se trata de nenhuma velha glória dos idos do circuito da Boavista, mas de um simples grupo humorístico britânico). É simplesmente brilhante a piada do circuito da Boavista. Houve circuito entre 1931 e 1933 (3 anos) e entre 1950 e 1960 (10 anos) e por isso, em 2005, quando o Dr. Rio diz que ele renasceu, era uma forte marca do Porto, era um evento histórico, tradicional, pelo qual as pessoas ansiavam e, ano após ano, se interrogavam e lamentavam pela sua ausência. Lembro-me eu (que já tenho 40 anos, fresquinhos), de ser pequeno e ouvir os meus irmãos mais velhos, que agora tem 50, e os seus amigos, lamuriarem-se dias e horas a fio, sobre um tal circuito da Boavista que já não existia quando nasceram e que nunca viram... era confrangedor.
Mas tudo mudou em 2005. O circuito acordou das cinzas onde estava enterrado – há mais de 45 anos – e ressurgiu, pujante, ou não tivesse ele 13 aninhos de idade, interrompidos por um breve hiato de quase 17 anos (um minuto de História!). E fê-lo por si só, ainda que auxiliado pela iniciativa privada. Sim. Porque foram os privados, a economia, os comerciantes, os industriais, a massa anónima do povo que, privada do Seu circuito durante mais de 45 anos, se movimentou, se juntou e o fez acordar dessa breve sesta de 45 anos. E por isso, hoje em dia, o circuito da Boavista é uma forte marca do Porto. Qual Vinho do Porto, qual FCP, qual Torre dos Clérigos, qual Museu de Serralves, qual Ribeira, qual Património da Unesco. A Europa e o Mundo conhecem é o circuito. Essa é que é a marca que projecta o Porto além fronteiras, enche-nos de turistas, de dinheiro e dinamiza a economia local.
E mais! Parece que nas contas do Dr. Rio (ao contrário do que se afirmou em jornais e até nos blogs) o circuito esteve repleto de gente. Mais de 100 mil pessoas em dois fins-de-semana, ou foi à razão de 100 mil por fim-de-semana? Para além da discussão numérica (tipo contagem dos grevistas entre governo e sindicatos) é de um fino, refinado e supremo sentido de humor a contagem cabecística do Dr. Rio. Esquecendo que Serralves em Festa faz idêntico ou melhor resultado apenas num fim-de-semana e, penso eu, com um orçamento ligeiramente inferior (perdoem-me, pois não resisti!), isto sem contar com o FCP e o seu estádio sempre vazio. Ainda mais irresistível é o sentido de humor Rial de contar cabeças, mas não contar custos por cabeça, ou seja, não dizer quanto custa cada uma das cabecinhas que conta. Será mais do que um arrumador do Porto Feliz? Ou para quantos arrumadores do Porto Feliz daria? É fantástico!
E a Vilarinha! Finalmente está pronta! O Dr. Rio deve ter ultrapassado os problemas geológicos e a constantes batalha da oposição que o levaram a deixar que o troço da Vilarinha que não servia o circuito ficasse sem arranjo e esventrado, desde 2005 até 2009 (4 anos de árduas batalhas contra as forças de bloqueio, ou como diria o jardim madeirense, contra os totalitaristas comunistas, esses bastardos, com todo o respeito, claro!). Parece que o Dr. Rio se esqueceu de asfaltar aquela Rua que vai desde a Junta de Freguesia de Aldoar até à Rua do Lidador... e, por isso, daqui lanço já o repto de a incluir no novo percurso do circuito.
E, por fim, aproveitando o repto anterior, lanço um outro. Ó Dr. Rio, se não gosta do Sr. Luís Costa e acha que ele o ofende e calunia, faça como as pessoas que honram e prezam o seu bom nome fazem: desminta-o, verbere-o e ataque-o, mas assine o seu nome e dê a cara! Em seu nome próprio. Como se faz no Porto! E, para punir quem se excede nas ofensas e o difama, existem os Tribunais, pelo menos na democracia. Daí que, se se sente ofendido e caluniado, dê o exemplo. Em vez de traulitar, sem nome, no site da CMP, actue nos Tribunais, como qualquer pessoa que é ofendida deve fazer. Lembre-se que o exemplo que dá, para quem não tem sites (pagos pelos contribuintes) é que essas ofensas se resolvem fora da justiça, e por isso, e para isso, vale tudo, desde crónicas e artigos anónimos (tipo pasquim) até à bofetada.