De: José Machado de Castro - "Há um ano atrás o Bolhão escapou à morte"
A TCN e as “distracções” de Rui Rio
(ou como a cidade do Porto escapou, por pouco, a um negócio ruinoso)
Em 10 de Julho de 2008, faz agora um ano, a Câmara do Porto, através do vereador Lino Ferreira, convocou a empresa TCN (TramCronNe) para a cerimónia de assinatura dum contrato com aquela empresa e que previa a demolição do Mercado do Bolhão. É sabido que tal cerimónia não se chegou a concretizar. E ainda bem para a cidade e para os comerciantes do Bolhão.
Hoje são tornados públicos alguns contornos de outros negócios muito pouco claros em que esteve envolvida a mesma TCN, em concreto os factos já apurados pela Polícia Judiciária sobre uma parceria com o tristemente famoso Banco Insular (o tal que “ajudou” ao buraco financeiro do BPN), e em que surgiu um cheque da TCN careca (sem provisão) de 12,5 milhões de euros para pagar a aquisição de um edifício dos CTT. E este conhecimento da actuação da TCN dá bem a ideia da falta de cuidado, da negligência, da incúria e desleixo com que o Executivo de Rui Rio tratou o património da cidade, no caso o Mercado do Bolhão.
Através duma formidável máquina de propaganda foi criada uma imagem nacional de Rui Rio como um político contido nas despesas e rigoroso nas contas. Mas uma apreciação mais cuidada da gestão do Executivo de Rui Rio mostra outra realidade bem diferente, uma inquietante “distracção” pela conservação e valorização dos bens públicos culturais da cidade. Como classificar a nota de BOM (3,32 em cinco) dada pelo Vereador do Urbanismo e Mobilidade ao projecto da TCN sobre o Bolhão a que uma Comissão de Avaliação tinha atribuído a nota de Insuficiente (1,78 em 5 pontos possíveis)? É com um Executivo destes, tão negligente e descuidado, que uma cidade como a do Porto pode avançar?
Não fora o formidável movimento de cidadania, traduzido numa Petição com mais de 50.000 assinaturas, e as iniciativas do Bloco de Esquerda nos diversos órgãos políticos deliberativos, e hoje os comerciantes e vendedeiras já não exerciam a sua actividade e a cidade do Porto teria o Mercado do Bolhão completamente destruído, sem os elementos arquitectónicos, funcionais e culturais que levaram â sua classificação como imóvel de interesse público.
Uma exigência que os cidadãos fazem hoje aos governantes do país e dos municípios é o de tratarem bem o património público, preservarem e valorizarem o que é de todos. Nesta exigência, absolutamente justa, o Executivo de Rui Rio não passou. Basta de incúria e desleixo!
José Machado de Castro – deputado municipal do BE