De: Alexandre Burmester - "Cinza que te quero verde"
Tem andando por aqui acesa discussão sobre as eventuais intervenções que se pretendem levar a cabo no Palácio de Cristal, Liceu Filipa de Vilhena e ainda no mercado do Bom Sucesso. Naturalmente que qualquer uma destas intervenções tem diferentes contornos e cada qual tem particularidades completamente distintas. A razão pela qual as refiro em conjunto deve-se ao facto de cada uma delas pela sua dimensão ser implicativa com a população, e ainda ao facto de qualquer uma vir finalmente resolver problemas urbanos que procuram solução há já algum tempo.
Sendo cada qual diferente haverá que olhar individualmente para as soluções que são preconizadas. Hoje pude ver a solução que aqui foi disponibilizada para o Palácio de Cristal, e confesso que não me parece mal. Naturalmente poderia ser melhor, tudo pode sempre ser melhor, mas não me parece que a ausência de meia dúzia de árvores seja tão dramática que por si inviabilize a possibilidade de recuperação do Palácio. Bem sei que o que digo é politicamente incorrecto, não se “pode” deitar árvores abaixo, não se pode maltratar os animais e também não se pode bater nas criancinhas, mas eu ainda sou do tempo que às vezes não faz mal e até se deve.
Aliás para quem defende as árvores, o que também faço, chamo a atenção das demolições na Rua Diogo Botelho junto à Católica e na via paralela onde muitas árvores foram arrancadas, e lembro mais uma vez para a Av. da Boavista cuja intervenção, julgo, a deixará “careca”.
Esta Câmara tem feito muito pouco ou quase nada, limita-se a medicar o moribundo e a vê-lo definhar, parece acordar agora em fim de mandato e vem até o Rui Rio fazer discursos regionalistas, mas custa-lhe muito (mesmo muito) aprender a abrir discussões públicas. A discussão sobre o recente traçado do Metro deveria ter dado mais frutos e fazer entender que em conjunto com a opinião pública fica mais fácil tomar decisões acertadas. Assim passa a ideia de que tudo o que a Câmara pretende fazer tem logo à sua perna um bando de gente do contra, aos quais se junta a própria oposição oficial só pelo prazer de contrariar, e tudo porque se estes projectos fossem colocados em discussão pública todos teríamos a ganhar, mesmo que no fim só se poupassem meia dúzia de árvores.
Alexandre Burmester