De: Luís Gomes - "Sondagem Universidade Católica / RTP"
Recentemente, foi divulgada uma sondagem onde Rui Rio aparecia claramente destacado com 58% dos votos face aos 25% de Elisa Ferreira. Mais do que a diferença pontual, que a mim não me surpreende, é interessante analisar o que acham os eleitores da governação da cidade e dos problemas que mais os preocupam.
À cabeça surge a criminalidade, seguida da degradação do edificado e da falta de habitação a preços acessíveis. Ora temos uma "pescadinha de rabo na boca" porque os focos de criminalidade estão concentrados nos bairros problemáticos. Ora sendo o Porto uma cidade minada de bairros camarários, parece insólito que os portuenses se queixem da falta de habitação a preços acessíveis. Nos tempos que correm a CMP não pode gerir mais bairros, e por outro lado não possui orçamento para construir mais habitação a preço controlado.
Chegamos então à 3ª preocupação, a degradação não só do centro histórico mas também aquela que se verifica nas freguesias centrais da cidade. A reabilitação é chave para resolver os dois problemas anteriores. Primeiro porque se os privados se comprometerem a construir a custos controlados em troca de licenças de construção em zonas apetecíveis para quem pode pagar, temos então uma cidade mais aprazível com mais movimento e menos propícia à criminalidade. Assim teríamos igualmente um parque habitacional a custos acessíveis para os jovens e famílias que pretendem regressar ao porto e/ou aqueles que estão fartos de viver em ghettos paredes meias com máfias e cartéis de droga.
Para último deixei o "trânsito e estacionamento" o único indicador no qual o executivo obtêm um saldo negativo. Surpreende-me, porque noto efectivamente um reforço dos meios da polícia municipal e dos "reboques" (do qual tenho más recordações :) ). Razões para tal descontentamento? Os parques que foram construídos no âmbito da Porto2001 aplicam preços/hora elevados nada convidativos para quem pretende vir ao centro da cidade. O estacionamento em segunda fila grassa, e parece-me que a CMP desistiu desta questão porque as baías de estacionamento para parar por períodos curtos estão mal sinalizadas e ocupadas por estacionamento por longos períodos. O estacionamento em segunda fila não é combatido e cada vez vemos mais carros em cima do passeio / passadeira / acessos garagens. Curioso é que o cidadão tipo do delito a meu ver é detentor por norma de um veículo de grande cilindrada, o que me leva a concluir que civismo não é sinonimo de condição social.
Dados os últimos 8 anos já sabemos o que podemos esperar dos últimos 4 a que Rio se propõe. Infelizmente pouco sabemos do programa e das linha mestras de Elisa. Desengane-se aquele que pensa que ela não pode fazer melhor do que este Presidente. Ninguém é insubstituível, eu considero que existem áreas que este executivo ainda não atacou e que poderiam ser exploradas por Elisa num exercício normal de democracia (sem recurso a baixo nível).
Quanto aos demais candidatos, noto um Rui Sá em fim de ciclo que teve um papel importante, mas que o perdeu quando deixou de ser o fiel da balança e tentou colocar-se em bicos dos pés substituindo o PS na oposição, infelizmente de uma forma "bota a baixo". Quanto ao candidato do BE, o tal dos "calhambeques" é mais um à la BE: sem ideias, crítico da generalidade das iniciativas e sem reconhecimento junto da população. Nota disso é que o candidato "vale menos" eleitoralmente do que o seu partido, ao invés de Rui Sá.
Estou como estive, satisfeito com Rui Rio, embora discorde de alguns tiques típicos de maioria e de algumas iniciativas que deveriam ter tido mais diálogo e mais eco junto da sociedade. Aguardo, com cada vez menos esperança, que algum dos candidatos mostre ser uma alternativa, porque o Porto precisa de mais e melhores ideias, mais dinamismo e mais know-how ao serviço da cidade.
P.S.: Não posso deixar de comentar que se as actividades culturais no Porto são bem avaliadas pelos eleitores, muito se deve à sociedade civil, aos empresários, aos galeristas, aos artistas e aos comerciantes que tanto têm contribuído para a revitalização cultural e comercial da Baixa. A CMP deve, fomentar a iniciativa da sociedade portuense criando condições para que ela tenha pernas para andar.
Um abraço,
Luís Gomes