De: Raquel Pinheiro - "Sobre «Mercados»"
O João Fernandes disse algo semelhante a esses: "a inauguração é um momento festivo mas (supostamente) de trabalho para os galeristas" e "as inaugurações são um carnaval" numa tertúlia que a Elisa Ferreira organizou há umas semanas no Maus Hábitos. Se não estou enganada, antes do Serralves em Festa. As inaugurações são/podem ser um carnaval mas Serralves não se dispensa delas. E João Fernandes sabe que servem para promover o espaço que alberga a exposição (e também a dita). Serralves tem até, no Serralves em Festa, grande festarola de entrada livre, que atrai milhares de pessoas. A diferença é que Serralves é um museu e não vende obras de arte mas tem as lojas e serviços de apoio pagos albergados no seu espaço.
Nas galerias, muitas vezes os grandes compradores/coleccionadores já viram a exposição antes de esta inaugurar ao público, reservando as obras que pretendem adquirir. Alguns, se vão no dia da inauguração vão para ver, ser vistos, socializar, etc. Acontece também, claro, haver reserva de obras no dia de inauguração ou nos restantes dias de exibição. Dos que não adquirem arte muitas pessoas vão pelo todo, pela festa aproveitando para espreitar as galerias.
Quem quer ver uma exposição nas calmas não o faz em dia de inauguração mas qual é o mal de ir “à festa”? A festa das inaugurações de Miguel Bombarda é feita com a participação das galerias e existe essencialmente por causa delas e para as divulgar/promover. E sim, os estabelecimentos ali da zona, em especial restaurantes e cafés fazem mais dinheiro num Sábado de inaugurações simultâneas do que num Sábado normal. Essa zona tem dois tipos de loja, as “alternativas” e as “tradicionais”. Das primeiras quase todas estão sempre abertas aos Sábados de tarde, das segundas algumas estão abertas todos os Sábados de tarde e outras só em dias de inaugurações simultâneas.
Relativamente aos vários mercados de rua apontados, do Artesanato Urbano no Parque não tenho nenhum ponto de referência. O Mercado Porto Belo é demasiado recente para se poder avaliar da sua contribuição para a zona/cidade e mesmo para o negócio daqueles que todos os Sábados ali colocam banca. Em Sábados de Mercadinho dos Clérigos as lojas da Cândido dos Reis têm mais movimento do que nos outros Sábados. O que me parece é que dois ou três mercados de rua, com produtos muito semelhantes, no mesmo dia e a alguns metros de distância uns dos outros correm o risco de se auto-anularem. Mas isso o médio e o longo prazo o dirão. Uma coisa é certa, a zona que vai do Piolho a Passos Manuel tem mais gente numa Sexta ou Sábado à noite do que numa Sexta ou Sábado de tarde.
Se me é permitido responder, és um control-freak, mas as questões levantadas são pertinentes.