De: Rui Encarnação - "As queixas do Dr. Rio"
O Dr. Rio, pelos vistos, é especialista em queixinhas. E, como todos os queixinhas, só se queixa depois do mal consumado, pois se o fizer antes arrisca-se a ter de discutir o mérito da queixa e a ter de trabalhar para inverter a iniquidade que diz ter sido cometida.
Que o centralismo bacoco e parolo desvia verbas para a bela capital, é um facto histórico do nosso País, quer na Monarquia quer na República, pelo que o Dr. Rio parece ter descoberto a pólvora (e no final do seu 2º mandato!).
Como sou ignorante, não consigo perceber das queixas do Dr. Rio quais os projectos que ele tinha e que não foram implementados pela perda/desvio de verbas. Devia estar distraído mas não ouvi falar de um só. E, se a memória não me atraiçoa, quando foi discutido o projecto do metro do Porto instalou-se uma discussão acesa sobre a sustentabilidade do projecto, havendo enorme resistência do poder central em co-financiar o projecto. E se bem lembro, foi a existência de um projecto devidamente estruturado, de financiamentos comunitários já assegurados e uma vontade inquebrável de o realizar que colocaram o poder central, quase, perante um facto consumado.
Ou seja: quando se quer fazer, é preciso trabalhar primeiro, saber o que se quer, ter vontade em fazê-lo e depois, ao invés de fazer queixinhas, reivindicar o que é justo e equitativo. Fazer queixinhas, pode dar votos, mas é muito feio!
Sem misturar os planos, as queixinhas do Dr. Rio encontram melhor protagonista no presidente do FCP, que denunciou durante décadas o centralismo, fez disso (independentemente de ser correcto ou não) uma bandeira motivadora do próprio clube mas, e aqui está a grande diferença, não se ficou pela denúncia, pois demonstrou competência, trabalho e resultados. Tudo aquilo que falta ao lamentos do Dr. Rio que, assim, se ficam pelas queixinhas típicas da politiquice que grassa no nosso jardim à beira mar plantado.