De: Nuno Oliveira - "Quando 40 decidem por 100"

Submetido por taf em Quarta, 2009-06-10 16:31

Na sequência da intervenção de hoje de Cavaco Silva em torno da questão da abstenção algumas perguntas:

- Quando apenas 40% dos eleitores votou (ou um pouco menos se se considerarem os registos que já não deveriam existir) será que alguém "venceu" realmente estas eleições ou ganhou apenas numa distribuição de "migalhas"?
- Será que é verdadeiramente representativa uma eleição decidida por uma minoria?
- Fará sentido a introdução do quórum participativo nas eleições?

Introduzir a solução do quórum seria fortalecer a representatividade sem regulamentar comportamentos individuais (existiria abstenção e liberdade para a praticar, sem voto obrigatório) e era realçada uma maior união da sociedade em torno desta celebração da Democracia, que não deve ser confundida com partidos, candidatos ou contextos específicos. Não é contraditório estar descontente com a situação política e continuar a apoiar activamente o sufrágio universal. Comparecer para votar diz que se quer Democracia, o sentido de voto é que demonstra descontentamento ou apoio. São coisas diferentes e independentes.

O PR apelou à consciência cívica - a melhor forma de diminuir a abstenção - e seria essa a recompensada na situação do quórum, envolvendo a sociedade no seu todo no sucesso das eleições enquanto processo. Bastariam apenas mais 10% de eleitores com vontade de manifestarem em pessoa (o seu veemente protesto, por exemplo) para que não ocorresse indefinidamente esta situação vergonhosa.

Cumprimentos e bom feriado a todos.
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Nuno Oliveira
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Nota de TAF: a propósito, recomendo o discurso de hoje de António Barreto.