De: TAF - "Liberdade e ética"
Um comentário necessariamente muito sucinto, dada a falta de tempo para a atenção que o assunto, e os meus interlocutores, mereciam. Acredito que quem defende a limitação obrigatória de salários (refiro-me ao sector privado) não ponderou devidamente as implicações disso.
- 1) Por que razão se hão-de limitar salários sem, pela mesma ordem de ideias, se limitar então os ganhos de capital ou outros? Limitam-se os ganhos dos trabalhadores dependentes mas não dos outros?
- 2) Por que razão um empresário há-de ser impedido de pagar tão bem quanto queira a um seu funcionário? Não poderá dispor do seu dinheiro como bem entende?
Significa isto a defesa do liberalismo selvagem? Claro que não. Terá de haver regras de protecção dos trabalhadores, mas exigir um mínimo de retribuição não obriga, de modo nenhum, a impor também um máximo a essa retribuição.
Deverá o Estado impor regras de ética aos cidadãos, estipulando comportamentos e quantificando o uso que podem fazer do seu património (que nessa altura já nem era bem seu, portanto...)? Se sim, quem é que define o que é um "comportamento ético"? Por este andar estar-se-ia a defender o fim da propriedade privada e da liberdade individual...
Em síntese: eu posso não concordar (e de facto não concordo) com a forma como muita gente gasta o dinheiro que tem (e que a mim também me daria muito jeito). Mas, desde que cumpra a lei, defendo ao mesmo tempo a sua liberdade de desbaratar o seu património e de assumir comportamentos pessoais que eu considero altamente reprováveis. Numa sociedade livre e democrática dever-se-ão proporcionar garantias suficientes a todos, mas nunca tentar impor padrões de comportamento. Digamos assim: o que interessa é que não haja pobres, e não eliminar os ricos. Quem me dera a mim ter muito dinheiro para poder investir e ajudar a desenvolver o país! ;-)